Com o registro de seus primeiros casos no Brasil em 2020, a pandemia da Covid-19 mudou radicalmente os rumos da economia, com o aumento da inflação, o crescimento do desemprego e a queda do PIB. Mas apesar da grave crise em tantos setores, as empresas do país que investiram no e-commerce constataram um aumento importante nas vendas.
Segundo dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ACComm), no primeiro trimestre de 2021 o comércio online acumulou alta de 72,2% em relação ao mesmo período do ano passado. O isolamento social foi o principal fator para essa mudança no hábito de consumo dos brasileiros, e a tendência é que esse número aumente ainda mais até o final do ano.
Para atender a essa crescente demanda no mercado, muitas empresas se viram obrigadas a mudar sua abordagem e criar uma presença no meio digital. Segundo o professor Jorge Brantes, do IAG, Escola de Negócios da PUC-Rio, e especialista em marketing e comportamento do consumidor, acompanhar as mudanças do mercado gerou um custo a mais para muitos donos de negócios: “Muitas empresas que ignoravam esse tipo de canal tiveram que correr atrás de uma infraestrutura de website, logística, marketing digital e redes sociais que não tinham antes. Muitas escolheram utilizar serviços de terceirizados de entrega ou vender via e-marketplaces.”
Além do custo com serviços de entrega, houve também a procura por uma maior capacidade de armazenamento de produtos por parte dessas empresas. Atendendo a clientes como Magalu, Mercado Livre, Via Varejo e Petrobras, a Engesystems, que vende soluções de armazenagem e logística, viu a demanda por equipamentos do tipo aumentar significativamente. “Em 2020 estima-se que o salto foi de 68% nas vendas eletrônicas na comparação com 2019. Então a demanda por equipamentos é relacionada com o aumento de unidades de distribuição dessas empresas, visando aumentar sua velocidade de entrega”, explica Tania Luiz, sócia da Engesystems.
Apesar do avanço das medidas contra a pandemia, os especialistas esperam que os números de compras online continuem altos mesmo após o período de restrições de isolamento social causado pela Covid-19.
“O hábito de comprar pela internet foi criado e seguirá forte. De acordo com algumas pesquisas, 94% dos brasileiros que compraram em lojas online em 2020 pretendem continuar comprando, mesmo após a pandemia. A tendência é o mercado continuar aquecido, mesmo que em um menor patamar”, comenta Tania, que espera um crescimento de pelo menos 10% na Engesystems em 2022.
Ainda segundo o professor Jorge Brantes, essa alta deverá continuar principalmente nas compras via smartphones. “Com novas opções de compra surgindo a todo o momento no mundo digital, existe, sim, uma tendência de crescimento que deve ser mantida. O marketing digital e a multicanalidade são temas de grande importância para qualquer empresa nos dias de hoje. Todas deveriam estar buscando formas de entender seus consumidores digitais e servi-los da melhor maneira possível”, completa.