Após o anúncio de diversas sanções à Rússia nos últimos dias, o Bitcoin (BTC) finalmente se recuperou e passou a subir. Depois de fechar o mês de fevereiro com alta de 12%, segundo o CryptoRank, a criptomoeda passava dos US$ 44 mil na manhã desta quinta (3). Mas o que explica a valorização do ativo, que nos primeiros dias de guerra entre russos e ucranianos, caiu a US$ 34 mil?
Felipe Veloso, economista e fundador da Cripto Mestre, explica que, assim que o conflito se iniciou, os investidores tiraram o dinheiro de ativos de risco como criptomoedas para protegerem o patrimônio. Mas após sanções estrangeiras, como a saída da Rússia do sistema bancário internacional Swift, o mercado inverteu e começou a agir de forma positiva. “Já se especulava uma migração do capital russo para criptomoedas. E isso aconteceu. O russo não pode comprar dólares, mas pode, por exemplo, comprar stablecoins”, destaca.
Dados divulgados pelo Chain Exposed mostram que, de fato, o índice de medo e ganância indica que os investidores estão pouco a pouco mais otimistas com o mercado de moedas digitais, na contramão do que ocorre com a bolsa norte-americana, por exemplo.
“Muita gente atribui essa alta aos próprios cidadãos russos comprando criptos para se proteger. Outro fator importante é a Ucrânia aceitando doações em criptomoedas. Embora o volume não seja grande, esse é um marco significativo de que criptos podem ser usadas para resgates de pessoas, instituições e países sem intermediários”, afirma Andrey Nousi, CFA e fundador da Nousi Finance.
A Ucrânia já conseguiu, por meio de doações, US$ 1,1 milhão em Ether (ETH) e US$ 6 milhões em Polkadot (DOT), além de outras da categoria. Agora, o valor total das doações de criptomoedas ao país ultrapassa US$ 40 milhões.
Enquanto isso, a União Europeia planeja incluir os ativos digitais nas sanções financeiras contra a Rússia, para evitar que elas sirvam para contornar a punição. A questão foi discutida numa reunião dos ministros de finanças dos 27 países membros do bloco.
Para Tasso Lago, gestor de fundos privados em criptomoedas e fundador da Financial Move, a valorização do Bitcoin é consequência da atitude de pessoas protegendo seus capitais também da desvalorização forte do rublo, moeda russa.
“O objetivo do bitcoin e de outras criptos é que pessoas sejam donas do seu próprio dinheiro sem intermediários, tendo acesso livre ao patrimônio. Isso valida ainda mais as criptomoedas. Por isso, vejo o Bitcoin cada vez mais forte nesse cenário. É preciso lembrar que o Bitcoin é finito e, com a demanda crescente indicando que pessoas querem guardar criptomoedas como proteção, teremos cada vez mais a moeda se valorizando, podendo chegar a US$ 100 mil nos próximos meses”, pondera Lago.