De acordo com o jornal “Le Figaro”, o médico e microbiologista francês Didier Raoult, conhecido como um dos maiores defensores do uso de hidroxicloroquina no tratamento contra a Covid-19, admitiu pela primeira vez que o remédio não tem eficácia para reduzir o agravamento ou a mortalidade da doença.
“As necessidades de oxigenoterapia, a transferência para UTI e o óbito não diferiram significativamente entre os pacientes que receberam hidroxicloroquina com ou sem azitromicina e os controles feitos apenas com tratamento padrão”, declarou Raoult, em nota publicada no dia 4 de janeiro no site do Centro Nacional de Informações sobre Biotecnologia, da França.
Trata-se de um novo posicionamento em relação ao estudo que o médico divulgou em março do ano passado, conduzido com apenas 42 pessoas, que teria atestado a suposta eficácia da administração de hidroxicloroquina e azitromicina em quadros de infecção pelo novo coronavírus. Na mesma nota, porém, Raoult insistiu que o tempo de internação de pacientes tratados com tais substâncias “pareceu ser significativamente menor”.
A pesquisa publicada pelo médico francês foi contestada por especialistas em todo o mundo, incluindo autoridades da Organização Mundial da Saúde (OMS) e cientistas da Universidade de Oxford, cujos testes clínicos não apontaram “nenhum efeito benéfico” da cloroquina no combate à Covid-19. Apesar da reação contrária, o governo brasileiro tem incentivado o uso do medicamento como “tratamento precoce” contra a doença.