Agentes da Vigilância Sanitária e do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) foram nesta terça-feira (7) ao supermercado Extra Cambuci, na Zona Sul de São Paulo (SP), para investigar uma denúncia de que o estabelecimento venderia carnes e frios com validade vencida como se ainda estivessem frescos.
Imagens registradas pelo fatiador Wellington Pereira da Silva, em agosto, mostram funcionários do local reembalando frios e peças de presunto, bacon e mortadela, além de outros cortes fora da data de validade, e os recolocando à venda com vencimentos adulterados.
A Unidade de Vigilância em Saúde (Uvis) Sé acompanha o Extra Cambuci desde o dia 17 daquele mês, segundo a Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), quando uma primeira denúncia de infrações foi registrada. “Na ocasião, foram identificadas irregularidades que resultaram na lavratura de Auto de Infração e Termo de Interdição Parcial de Estabelecimento. Foi aberto processo administrativo sanitário para acompanhamento”, afirmou a Covisa, em nota.
Wellington, por sua vez, foi demitido em outubro. De acordo com ele, o desligamento ocorreu porque o profissional não compactuava com a prática – a qual, conforme outros colaboradores do estabelecimento revelaram ao g1, seguiria ativa até hoje. As ordens, segundo Wellington, começaram a vir de uma funcionária que substituiu sua supervisora direta em julho, quando esta se afastou do trabalho por licença-maternidade.
“Começaram a me pedir para ‘fazer bandeja’ [fatiar e colocar em uma bandeja de isopor] e colocar no balcão principal os frios vencidos. Eu falei que não queria fazer essas coisas porque acho errado com o povo e comigo mesmo, que também sou consumidor. Pedi para ser transferido ou ser mandado embora, mas não queriam me transferir. Na segunda vez que me pediram isso foi a mesma coisa. Falei que não queria fazer, que se eu soubesse que esse mercado era assim eu não teria ido trabalhar lá. Mas se você não fizer o que eles pedem, você toma advertência e depois suspensão. Você é obrigado. Todo mundo que está lá é pai de família, trabalhador. Se não fizer isso, perde o emprego. Fui mandado embora por não estar fazendo isso”, contou Wellington.
“Na segunda vez que me pediram isso foi a mesma coisa. Falei que não queria fazer, que se eu soubesse que esse mercado era assim eu não teria ido trabalhar lá. Mas se você não fizer o que eles pedem, você toma advertência e depois suspensão. Você é obrigado. Todo mundo que está lá é pai de família, trabalhador. Se não fizer isso, perde o emprego. Fui mandado embora por não estar fazendo isso”, acrescentou o ex-funcionário, cuja demissão só foi homologada ontem, após o g1 contatar o supermercado sobre o caso.
Wellington relatou ainda que, antes do desligamento, em setembro, chegou a acionar a Vigilância Sanitária, mas durante visita dos agentes do órgão sua supervisora conseguiu esconder os itens irregulares até que fossem embora.
Em nota, o Extra alegou que a prática denunciada “não condiz com o procedimento rigoroso de segurança alimentar da companhia, que determina que os produtos devem ser descartados assim que atingem a data de validade informada pelo fabricante. A rede esclarece, também, que abriu um processo de apuração interna para averiguar as imagens e tomar as medidas necessárias”.
De acordo com a Covisa, a ingestão de alimentos vencidos pode provocar intoxicação, infecções, vômito, diarreia e, em quadros mais graves, hospitalização e morte. Estabelecimentos não adequados à legislação estão sujeitos a multas de até R$ 500 mil.
(com g1)