Evolução de treinamentos corporativos em realidades imersivas
Com o crescimento da tecnologia e sua adoção, a soluções passaram a ser objetos de estudo e análise, tanto acadêmica como empresarial
Este ano meu filho de 7 anos recebeu um cardboard da escola para as atividades de aula de inglês. Para quem não conhece, o cardboard é a versão mais acessível de óculos de realidade virtual que existe no momento. Por meio dele, junto ao celular e um APP, a criança tem a experiência imersiva na qual pode interagir ou simplesmente vivenciar o conteúdo.
Usei esse exemplo da vida real para mostrar que não é de agora que a tecnologia tem representado um forte pilar na transformação da educação e treinamentos. O acesso à informação e interação têm sido exponenciais, mas, até então, conteúdo lá e o aprendiz cá. Neste momento, estamos à fronteira dos mundos imersivos e, se tomarmos como base a pirâmide de aprendizagem de Edgar Dale, teremos um impacto extraordinário no processo de aprendizagem. É o “vivenciar para aprender” levado a outro patamar.
De acordo com a Zion Market Research, o mercado global deve ultrapassar os US$ 133 bilhões em 2021, com um CAGR de pouco mais de 85,2% de 2016 a 2021.
Quando falamos de realidades imersivas, nos referimos às realidades virtual, aumentada e mista. A realidade aumentada, ou AR, é uma aplicação que utiliza a câmera de um smartphone ou tablet para sobrepor objetos e informações digitais ao mundo real, de forma integrada e interativa. Por exemplo, neste caso, a tecnologia foi aplicada ao conteúdo de um livro. Assim como em muitos outros, a RA traz vida ao que antes era estático.
Já a realidade virtual, ou VR, cria um ambiente digital totalmente novo que pode ser visualizado em 360 graus, no qual o usuário não tem contato com o “mundo externo”. O VR depende de headsets que podem ser simples cardboards ou complexos e caros equipamentos que envolvem sensores e controles, com os mais diversos graus de liberdade de movimento (3DoF a 6DoF). Empresas como Google desenvolveram importantes iniciativas nesse sentido, tais como o Google Earth VR e o Expeditions, nos quais os alunos fazem tours pelo mundo afora utilizando cardboards e similares.
RA e RV para Educação Corporativa
Resultado de imagem para vr walmartNo entanto, a tecnologia não se restringe ao mundo de formação acadêmica, mas também tem grande utilidade no ambiente corporativo. Recentemente o Walmart adquiriu 17.000 headsets VR para 4.500 lojas a fim de realizar mais de 1 milhão de treinamentos em todo o país (EUA). Faz algum tempo que a rede varejista tem testado a tecnologia e constataram que 70% dos funcionários que treinaram em VR, superaram os grupos treinados com os materiais e técnicas tradicionais.
Com estes dados em mãos, decidiram acelerar o passo na adoção da tecnologia.
Outro exemplo é o Grupo Volkswagen que revelou seus planos de treinamento em VR, na forma de uma iniciativa global que levará a tecnologia a 10 milfuncionários da Audi, SEAT, ŠKODA e Volkswagen. Mais de 30 experiências em RV abrangem desde a montagem de veículos, treinamento de novos membros da equipe e atendimento ao cliente. Cada experiência da Volkswagen VR foi criada com o objetivo de educar os funcionários de diversas marcas e criar um fluxo de trabalho mais eficiente de forma a permitir que os colaboradores treinem em um ritmo confortável sem precisar viajar.
Tecnologia virtual, benefícios reais
Com o crescimento da tecnologia e sua adoção, a soluções passaram a ser objetos de estudo e análise, tanto acadêmica como empresarial.
· Os participantes do estudo treinados via RV demonstraram um recall de informações 9% melhor e cometeram 41% menos erros do que os treinados via não-VR. (University of Maryland)
· Cirurgiões que usaram treinamento de RV por duas horas melhoraram seu tempo na tarefa em 83% e foram 70% “mais eficientes” em movimento e medidas. (University of Michigan Medical School em parceria com a Cybernet Systems)
· Cirurgiões em formação, treinados via Realidade Virtual (VR) para realizar operações, foram 29% mais rápidos nos procedimentos e cometeram seis vezes menos erros que os treinados por métodos convencionais. (Apoio do Programa Fulbright Distinguished Scholar – AGG e apresentado na 122ª Reunião Anual da American Surgical Association.)
Dentre outros benefícios detectados nas aplicações corporativas, temos:
· Aumento do engajamento dos colaboradores;
· Forte ferramenta de empatia;
· Redução nos custos com transporte, hospedagem, estruturas e equipamentos;
· Redução de Riscos para treinamentos de elevada periculosidade;
· Adequado para diferentes estilos de aprendizagem;
· Aumento de Performance por execução e repetição sem restrições;
· Ações mensuráveis e memoráveis;
· Gera ativos intangíveis de inovação e transformação digital para a marca.
Para finalizar, apesar dos desafios de massificação dos equipamentos, sobretudo os VR, a tecnologia tem evoluído e aquecido diversos mercados. A adoção tem se mostrado mais ativa em realidade aumentada e RV para vídeos 360 por conta do acesso a tablets e smartphones. No entanto, analises do Gartner entre outras instituições mapeiam as realidades imersivas como top trends para os próximos anos. Estamos no momento de avançar e aplicar as soluções, não só para marketing, comunicação e entretenimento, onde sabemos que possuem alta aceitação, mas também para trazer seus benefícios para dentro das operações das empresas. Que venha a inovação!
*Cristian Gallegos é sócio-fundador da Mítika Immersive Tech e head de realidades imersivas da consultoria Ekantika.