O convívio social é pautado por regras e condutas, em que cada indivíduo tem como responsabilidade apresentar padrões éticos para pertencer a um grupo. E, em um momento em que a sociedade demanda cada vez mais das empresas, a ética corporativa se transformou em um pilar indispensável para o êxito de uma organização. A indústria de pagamentos tem investido continuamente na consolidação de áreas como compliance, estratégias de ESG (governança ambiental, social e corporativa) e contratação de funcionários conectados aos valores da empresa.
Em 2021, a Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) divulgou a pesquisa “ESG e sua Comunicação nas Organizações no Brasil”, em que entrevistou 79 empresas localizadas no estado de São Paulo. Entre as prioridades das organizações, o tema ESG está presente na estratégia de 95%, sendo 22% como a maior prioridade, 38% entre as três principais prioridades e 35% entre as cinco principais prioridades.
Outro aspecto importante apresentado pela pesquisa é que governança foi o fator ESG avaliado como o mais relevante para as empresas, com redução dos riscos do negócio como item principal, seguido por melhorar a reputação da organização e assegurar o cumprimento da legislação (compliance).
Ao analisarmos o cenário de construção ética e de governança no mundo corporativo, é necessário considerarmos duas perspectivas: da organização e do funcionário. Em todos os setores da indústria, há uma reflexão ética sobre a rotina de trabalho, independentemente do nível hierárquico que o indivíduo tem na estrutura da instituição. Além das normas sociais já estabelecidas, cada empresa possui um código de conduta para preservar sua reputação, tanto com parceiros comerciais quanto com o público consumidor.
Diante de um mercado competitivo em diferentes segmentos da indústria, a construção de uma reputação sólida é uma vantagem para as empresas. Por isso, os departamentos de recursos humanos têm buscado profissionais que agreguem valor ao negócio não só por meio de suas capacidades técnicas, mas também por sua forma de exercer as atividades no dia a dia.
Em alguns cargos, os traços de personalidade têm superado as habilidades individuais no momento da contratação ou promoção de um colaborador. A alta liderança, por exemplo, tem como missão estabelecer um programa de conformidade consolidado e conduzir a estratégia de negócio da empresa de maneira ética, influenciando os colaboradores através do bom exemplo e criando um ciclo virtuoso em toda a estrutura hierárquica.
Assim como é fundamental realizar um detalhado processo de seleção para assegurar que os funcionários tenham valores condizentes aos da empresa, é indispensável, também, firmar acordos com parceiros comerciais que tenham os princípios éticos alinhados. Na Visa, acreditamos que fazer negócio da forma correta e justa seja a única forma de fazer negócio. Prezamos pela transparência com clientes, parceiros e órgãos reguladores.
A indústria está em constante transformação, mas não podemos jamais deixar a ética de lado na maneira de fazer negócios. A reputação de uma empresa é conquistada com um trabalho de longo prazo, mas pode ser perdida rapidamente. Não há sucesso longevo de uma organização no mercado sem ética em suas atividades.
* Alessandro Thuller é diretor de Compliance da Visa do Brasil.