Está difícil fechar as contas no início do ano? Entenda o motivo e melhore suas finanças
Ao misturar as finanças pessoais com as contas da empresa, empreendedores arriscam a sanidade do próprio negócio; saiba como desenvolver uma vida financeira saudável
Você conseguiu pagar todas as despesas de início de ano apenas com a renda do mês sem prejudicar as contas da sua empresa? Se a resposta for positiva, você faz parte de um pequeno grupo de pessoas que não começaram o ano no vermelho. Caso não, é bom acender o sinal de alerta. Principalmente se você depende de uma única fonte de renda. Sua “vaca leiteira”, como costuma-se chamar no mundo financeiro, pode estar numa corda bamba.
Um levantamento conduzido pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aponta que apenas 9% dos brasileiros conseguiram saldar suas despesas como impostos sazonais — IPTU e IPVA, por exemplo — e contas com material escolar das crianças apenas com o próprio salário.
Isso implica que 91% dos entrevistados precisaram recorrer ao mercado de crédito para quitar as despesas, arcando também com juros nas operações.
De acordo com a pesquisa, uma das causas do problema é a dificuldade de executar um planejamento financeiro. O estudo indica que 89% dos entrevistados afirmaram ter planejado as finanças para iniciar o ano com tranquilidade.
Empreendedores que misturam as contas pessoais e corporativas, problema comum nas empresas brasileiras, correm um risco duplo: além de perderem o controle das contas familiares recorrendo ao crédito para pagar contas, a gestão financeira do negócio pode ser prejudicada por tabela.
Com isso, o fluxo de caixa vai para o vermelho e o empreendedor precisará recorrer, mais uma vez, ao mercado de crédito para manter as operações.
Será que você faz parte dos 9%?
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Como organizar sua vida financeira?
Cortar gastos é importante, mas não é a única disciplina que deve ser adotada pelos consumidores — sobretudo aqueles que querem virar o jogo e se tornar investidores.
O processo de educação financeira envolve algumas etapas, entre elas:
1. Diagnosticar sua situação atual
É comum que uma pessoa em situação de inadimplência não tenha controle sobre o seu saldo devedor — ou seja, quanto, exatamente, deve ao credor — e quanto está pagando de juros.
Quando as contas se acumulam — boletos, financiamentos, empréstimos consignados — fica ainda mais complicado manter o registro do que é pago e do que ficou pendente.
Em vários aspectos, as finanças pessoais e familiares se assemelham às das empresas. Há os rendimentos de todos os membros da família (Ebitda), a margem financeira usada para aumentar o padrão de vida (fluxo de caixa) e o levantamento da diferença entre ativos e passivos (balanço patrimonial).
Para manter organizadas tanto a vida financeira da sua família quanto da sua empresa, é importante ter indicadores e realizar diagnósticos periódicos. Assim, você evita pagar mais do que deve e não contrai dívidas que podem desequilibrar sua estabilidade.
Na série de aulas Finanças Essenciais, disponível para todos os assinantes do Administradores Premium, você aprenderá conceitos importantes para a gestão financeira da sua empresa, o que ajudará você a evitar erros comuns, como misturar as finanças pessoais e corporativas.
2. Entender o funcionamento das finanças
Durante muito tempo, lidar com dinheiro era um mistério para quase todos os brasileiros. Dinheiro tratava-se simplesmente de remuneração pelo trabalho e só. As crises inflacionárias nos anos 1980 e 1990 e as políticas econômicas fracassadas do período deixaram a população ainda mais desacreditada.
Um dos pilares do Plano Real foi o resgate da confiança das pessoas no sistema financeiro, o que possibilitou o processo de transição e garantiu uma estabilidade duradoura.
No entanto, termos como “inflação”, “juros compostos” e “taxa selic” ainda são misteriosos para boa parte das pessoas, que terminam por viver à mercê de bancos e operadores que entendem muito bem essas palavras.
Segundo o SPC, os bancos são os principais credores de todas as dívidas em atraso, respondendo por 51,5% do total.
Entender que seu dinheiro pode render em seu favor, quais são os investimentos mais inteligentes e a quais indicadores eles estão atrelados, quais os elementos que compõem sua dívida pessoal e como o spread bancário prejudica você e dá lucros recordes às instituições bancárias é fundamental para tomar decisões mais inteligentes.
Na série de aulas Falando de Finanças, a consultora de investimentos Sandra Blanco explica como realizar um planejamento financeiro eficiente. O programa pode ser acessado por todos os assinantes do Administradores Premium.
3. Definir objetivos
Finanças estão mais relacionadas ao comportamento dos consumidores do que você imagina. E a sua atitude pode fazer você gastar mais ou menos dinheiro para atingir determinado objetivo.
Por exemplo, digamos que você quer comprar um carro. Mas só serve se for um zero do ano. E tem que ser agora.
Para que todos esses requisitos sejam atendidos, é necessário adquirir um financiamento ou leasing, produtos financeiros que têm alto custo para o consumidor.
Não é incomum ouvir que o financiamento de um bem seria suficiente para comprar dois.
Se você ajustar esse objetivo, notará que o montante necessário pode ser reduzido. E, nesse ponto, o tempo é fundamental para sua estratégia.
Se, por exemplo, em vez de adquirir uma dívida, você aplicar seu dinheiro em operações que pagam juros para, no futuro, dar uma entrada mínima de 50% no valor do bem desejado, seu poder de barganha aumenta e os juros pagos à instituição financeira caem, uma vez que o risco de inadimplência também é menor.
Em resumo, os mais apressados pagam a conta dos mais previdentes.
Definir objetivos — viajar para o exterior, fazer um intercâmbio, comprar uma casa ou até mesmo se aposentar — é crucial para um planejamento financeiro eficaz.
4. Renegociar dívidas
Se suas contas estão fora de controle e sua renda é insuficiente para pagar tudo dentro do mês, a primeira ação que deve ser adotada após o diagnóstico é a renegociação das dívidas.
É comum que os credores disponham de programas e até feirões para mudar os termos das dívidas dos inadimplentes. Para eles, é a chance de obter um pagamento que, de outra maneira, jamais receberiam de uma pessoa em situação de inadimplência e com as finanças desorganizadas.
Como em qualquer processo de negociação, você precisa construir alguma vantagem em seu favor e mostrar como poderá pagar a dívida. Assim, seu poder de barganha para pedir uma dilatação do prazo e o achatamento das parcelas é maior.
A renegociação das dívidas garante a solvência do devedor e permite que, futuramente, ele volte a consumir.
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5. Investir com inteligência
Por fim, com a casa em ordem e uma boa margem financeira para investimentos, é hora de pensar nas melhores aplicações de acordo com os objetivos traçados.
Como ressaltamos, o tempo é um fator-chave quando falamos de dinheiro. Há opções mais rentáveis do que a poupança para investimentos em longo prazo, e há títulos e fundos que remuneram melhor no curto prazo.
Mas também há outro item na balança chamado risco. Para ganhar mais dinheiro em menos tempo, você precisa de maiores conhecimentos sobre os tipos de aplicação e maneiras de operar e precisa também estar preparado para perder parte do valor investido.
Já os investimentos tidos como mais seguros — especialmente no campo da renda fixa — tendem a pagar menos ao investidor.
Com esses dois fatores em mente, é necessário que você ajuste seu leque de investimentos ao seu perfil de investidor. Dessa maneira, o dinheiro poupado pode ser investido em opções que trarão rendimentos otimizados para o seu perfil e objetivos.
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