O ano de 2021 foi marcado pela migração de recursos e serviços do ambiente físico para o digital, incluindo a implementação do open banking, a consolidação do Pix e a expansão do mercado de criptomoedas, entre outros. Agora, chegamos em 2022 com outro assunto no centro das atenções: metaverso.
Amplamente desconhecido até pouco tempo atrás, o termo já provoca transformações significativas, como a recente mudança de nome da big tech Facebook para Meta, além do anúncio de que a empresa de Mark Zuckerberg trabalha na construção de um metaverso com expectativa de contratação de 10.000 profissionais.
Empresas como Nike, Adidas, Alibaba, Budweisere Microsoft também revelaram planos de explorar o revolucionário conceito de um novo ambiente de imersão digital.
“Estamos encontrando um novo caminho, que chegará de maneira tão natural que parecerá aquele amigo que você conheceu aleatoriamente e que hoje está sentado no seu sofá falando de futebol ou economia”, brinca o empresário e escritor Eberson Terra.
O metaverso abrange um conjunto de tecnologias que visa integrar a vida física com a realidade virtual. “É como se fosse a queda da barreira daquilo que ainda temos ao nos ‘conectarmos’ e ‘desconectarmos’. No futuro, essa vivência será uma coisa só, tão livre e natural que faremos coisas na vida virtual para a vida física, como curtir um show com amigos ou experimentar virtualmente uma roupa, mas pedir para ser entregue em nossa casa física”, explica Terra.
Hoje, a experiência híbrida se dá numa junção de dois mundos bem delimitados – como no caso de reuniões no trabalho fisicamente ou virtualmente. No metaverso, porém, apesar do contato com uma tela “2D”, é possível “esquecer” o caráter virtual da experiência, de tão imersiva que ela é. Numa sala de reunião do metaverso, parece que todos os presentes estão fisicamente diante de você, e o som de suas vozes vai diretamente para os seus ouvidos, de forma opaca e linear, conforme a posição espacial de cada um no ambiente.
Você ouve um comentário de alguém que está à sua esquerda com mais clareza e mais perto do seu ouvido esquerdo, por exemplo. Imagine ter conversas paralelas com colegas ao seu lado sem atrapalhar a reunião e, mesmo assim, sem sair do ambiente – algo impossível via Zoom, por exemplo.
É isso que o metaverso promete: um espaço que confundirá nossos sentidos e eliminará a sensação de “virtual” que temos hoje. “Parece algo muito disruptivo para acontecer por agora, tipo uma ‘Matrix’, mas acredite, isso mudará de vez a minha e a sua vida, incluindo o seu trabalho”, destaca Terra, especialista nas áreas de educação e carreira.
Como o metaverso vai chegar na sua casa?
Recentemente, Bill Gates, o bilionário fundador da Microsoft, comentou que em três anos a maioria das reuniões de trabalho acontecerão no metaverso. “Bom, esse tipo de previsão não tem a ver com dons sobrenaturais, e sim o caminho natural de movimentos exponenciais que nascem muito caros e para poucos (early adopters), e depois se democratizam para o mundo todo. Algo que aconteceu com o streaming, com as fotografias digitais em celulares mais potentes que máquinas e tantos outros”, pondera Terra.
Segundo o Kantar Ibope Media, cerca de 5 milhões de brasileiros já transitam pelo metaverso, evidenciando a crescente popularização desse movimento pelo mundo. Empresas nacionais e internacionais, como O Boticário, Banco do Brasil, Gucci e Polo, já inauguraram espaços próprios em plataformas diferentes vinculadas ao ambiente digital.
Terra explica: “Isso quer dizer que o metaverso ainda é difuso e cheio de universos separados, que não se conectam entre si. Mas, no futuro, a ideia é que ele seja uma plataforma interoperável, ou seja, que você consiga utilizar seu avatar e suas compras digitais como bolsas, sapatos, roupas e casas em diversos mundos do metaverso. Afinal, quem montaria um avatar com um tênis Nike Jordan ou uma bolsa da Gucci só para usar em um dos mundos que você terá à disposição para navegar?”.
A expectativa, assim, é que o metaverso não se torne um ambiente de monopólio, mas onde seja possível navegar e viver em mundos diferentes construídos por diversas empresas, estando conectados entre si.
Já imaginou a sua empresa vendendo produtos ou serviços para serem usados por avatares de seus clientes? Em breve, a maioria dos empresários compreenderá que mais do que ter e-commerces para vender produtos físicos, o futuro envolve comercializar itens digitais para usuários e suas casas virtuais.