No dia 30 de outubro, acontece o segundo turno das eleições presidenciais de 2022, disputado entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
Os números do primeiro turno, realizado no último domingo (2), revelaram um ambiente bastante dividido: Lula somou 48,43% dos votos contra 43,20% para Bolsonaro – cujo partido, o PL, elegeu no mesmo dia as maiores bancadas do Senado e da Câmara dos Deputados.
Como o mercado financeiro avalia os resultados de domingo? Haverá ainda mais volatilidade ao longo do mês?
Nesta segunda (3), a bolsa de valores brasileira reagiu para cima. O Ibovespa avançou 5,54%, maior alta desde 2020. “Os juros caíram forte, na minha opinião, por conta da composição da Câmara e do Senado. Ficou claro que vamos ter uma oposição muito forte travando qualquer atitude mais drástica em relação à parte fiscal e às contas do país. Por isso, acho que o mercado tirou esse risco aí da parte longa da curva”, explica Vitorio Galindo, head de análise fundamentalista da Quantzed, empresa de tecnologia e educação financeira para investidores. “As empresas correlacionadas a juros do setor interno, como varejo, construção civil e estatais estão com desempenho muito forte, influenciadas pela queda nas taxas”.
Apesar do otimismo no dia posterior ao primeiro turno, o mês de outubro pode ser de bastante volatilidade, segundo Rodrigo Cohen, analista de investimentos e cofundador da Escola de Investimentos. “Todo cenário de incerteza, ainda mais indo para o segundo turno, traz instabilidades e, muitas vezes, queda na bolsa. O mercado já precificava uma vitória do Lula. Diversos players me confidenciaram que era certa a vitória do Lula, talvez já no primeiro turno. Com o Bolsonaro mostrando força, essa semana promete. Bolsa deve ficar bem volátil”, avalia.
Pedro Menin, sócio-fundador da Quantzed, concorda e acredita que o mercado deve reagir com volatilidade a cada pesquisa e debate deste segundo turno, além de se manter atento aos próximos passos de Lula. “Não sendo eleito no primeiro turno, o ex-presidente precisa conquistar votos. E para isso, deverá revelar mais pontos do seu plano de governo, até então quase que secreto, e nomear um possível ministro da Economia mais aceito pelo mercado. Henrique Meirelles pode ser uma opção. Eram esses os grandes medos do mercado até a votação final: a incerteza e o desconhecimento da equipe de ministros de Lula. E com o cenário desenhado hoje, os dois pontos tendem a se amenizar nas próximas semanas”, pondera.
Segundo Menin, o segundo turno está em aberto. “Embora Lula tenha levado o primeiro turno, é importante notar que mais de 30 milhões de pessoas não votaram e outras 5 milhões votaram em branco ou nulo. Alguns institutos de pesquisa devem perder credibilidade neste segundo turno, mas é muito difícil acreditar que perderão seu poder de influência. O mercado vai reagir a essas pesquisas ao longo de outubro, mas muito mais aos debates e, principalmente, reagirá às manifestações de apoio dos senadores, governadores e deputados já eleitos”, completa.
Sócio-fundador da GT Capital, Marcus Labarthe acredita que Lula ainda é muito lembrado pelos auxílios e Bolsonaro precisa divulgar mais iniciativas populares neste mês para angariar mais votos. “Quem fará a diferença nessa corrida de votos para o segundo turno é quem focar em falar de incentivos do Estado. Estamos falando de mais de 70% dos brasileiros que vivem entre 1 e 2 salários mínimos, que são o poder votante em um país cheio de diferenças sociais. Estes se identificam com quem pode auxiliar em suas necessidades básicas e Bolsonaro precisa se aproximar mais dessa classe”, argumenta.