Não faltam notícias sobre quedas enormes no desempenho de indústrias e comércios, empregos evaporando e economias inteiras que sofrerão em 2020. Como o cenário será em 2021 ainda é uma dúvida. Mas se tem um salvador da pátria que não só não sentiu o COVID-19 como ainda se manteve ativo são os e-sports.
Os esportes eletrônicos continuaram enquanto os tradicionais, como futebol, basquete e tênis, tiveram que parar em tempos de quarentenas, restrições e distanciamento social. As competições que seriam realizadas em espaços físicos foram adiadas, mas a estrutura necessária para a disputa pode ser substituída e os jogos continuaram sendo realizados.
Isso é só um fator para explicar o porquê do crescimento dos e-sports e a razão para eles terem um potencial imenso, que ainda foi pouco explorado.
Monetização e Mainstream
Por anos os e-sports foram algo mais underground, como uma banda de rock que só conseguiu tocar em bares, sem chegar às casas de shows e arenas. Isso mudou e muito claramente. As finais do League of Legends World Championship, realizadas em Paris, encheram a Accor Hotels Arena, de 20 mil pessoas. Os ingressos foram vendidos em 10 minutos.
Esse é apenas um exemplo, mas podem ser citados vários outros. Aqui no Brasil o CBLol (Campeonato Brasileiro de League of Legends) em sua fase final encheu a Jeunesse Arena no Rio de Janeiro.
Claro que com tamanha atenção e público fiel, as grandes empresas logo perceberiam as oportunidades que surgem de exposição de marca.
Empresas enormes estão dentro dos e-sports como early adopters e colhem os frutos disso. Por exemplo, uma das grandes equipes de League of Legends do mundo leva o nome da empresa sul-coreana de telecomunicações SK Telecom.
A empresa de apostas Betway também está por dentro, payrocinando equipes e oferecendo as partidas e uma ampla diversidade de competições em sua plataforma. Todos os sites de apostas hoje percebem a necessidade de dar espaço para os esportes virtuais, mas a Betway notou antes e investiu mais pesado nisso.
No Brasil, equipes como Flamengo, Santos e Corinthians montaram seus times de e-sports para jogos específicos. O clube carioca dominou o CBLoL, repetindo o feito do time de futebol de campo no Campeonato Brasileiro.
Tudo isso gera um efeito cascata que chega nos jogadores e times também. Os prêmios são milionários, nada mais justo para quem cria todas as receitas, que são os jogadores.
Ainda tem muito a crescer
São lançados jogos a todo momento, a tecnologia se populariza, com internet mais rápida, smartphones mais acessíveis e computadores idem. Mas o principal fator para dizer que os e-sports irão crescer imensamente ainda é a faixa etária.
Pessoas que nasceram nos anos 80 e 90 entendem a cultura de videogames e até o fascínio que eles geram. Marcas como Nintendo e Sony (com seu PlayStation) popularizaram os videogames. O Counter Strike era o jogo febre nas lan houses brasileiras no começo dos anos 2000.
Essas pessoas hoje podem ser os adultos com poder aquisitivo que fazem os e-sports crescerem, sem dúvidas. Mas os jovens dos anos 2000 e 2010 farão os esportes virtuais explodirem a medida que também forem crescendo. E as gerações que hoje já são as chamadas nativas digitais não terão nenhum problema em idolatrar o melhor jogador de CS, LoL ou DOTA da mesma forma que quer ser o novo Neymar.
Enquanto esportes tradicionais sofrem com o envelhecimento dos seus fãs e até dos seus praticantes, os e-sports caminharão na direção contrária e vão aproveitar toda a atenção da juventude e dos jovens “crescidos”.
Ou seja, há empresas, há organização, times e atletas envolvidos de forma profissional, as receitas só devem aumentar e o público idem. Tudo isso em um meio gamer que organiza outros eventos multitudinários, como a Campus Party. O céu é o limite.
Entenda um pouco sobre os e-sports
Os e-sports, ou jogos eletrônicos, são as competições que colocam frente a frente jogadores de diversos games. Eles podem ser desde jogos de tiro em primeira pessoa (como o Counter Strike), jogos de estratégia diversos ou até simuladores esportivos como o FIFA.
Essas competições juntam não só os jogadores mas equipes, já que muitos desses jogos permite a ação de conjuntos atuando de forma simultânea. Os games podem ser de computador ou videogames como PS4 (PlayStation 4) ou XBOX (Microsoft).
O crescimento acelerado e o nível de organização profissional fez os e-sports explodirem nos últimos cinco anos, inclusive com discussões sobre se os e-sports são um esporte como futebol ou basquete e se ele pode ser Olímpico. Independente disso, a aceitação é enorme entre os mais jovens e empresas mais tradicionais, inclusive de mídia, tiveram que dar espaço para essa novidade. Ela com certeza veio para ficar.