A companhia francesa Duralex, fabricante de pratos, xícaras e travessas conhecidos pela sua durabilidade, entrou em processo de recuperação judicial na última quarta-feira (23). Segundo informações do jornal El País, a crise do coronavírus atingiu em cheio as exportações da empresa, mas os problemas financeiros se arrastam desde 2017.
Naquele ano, a empresa inaugurou uma nova fábrica para relançar sua produção, porém um defeito nas instalações forçou um atraso de um ano na estratégia. A crise global instalada após a pandemia do Coronavírus levou a uma queda de 60% no faturamento com a queda nas exportações, que respondem por 80% das atividades do negócio.
Durante o processo de recuperação judicial, a empresa seguirá com as atividades ao longo de 6 meses e todos os 248 funcionários continuarão recebendo os salários.
História
A Duralex tem sede na comuna de La Chapelle-Saint-Mesmin, região central da França, e conta 75 anos de história. Fundada em 1945 como parte do grupo industrial centenário Saint-Gobain, a Duralex viveu sua melhor fase entre as décadas de 1960 e 1970 — inclusive fazendo parte da história de inúmeras famílias brasileiras.
A famosa durabilidade dos utensílios se deve ao processo de fabricação desenvolvido pela Saint-Gobain na década de 1930. O vidro é aquecido a uma temperatura de até 600 graus celsius e, em seguida, resfriado rapidamente, o que confere uma resistência duas vezes superior às de vidros comuns.
Em 1997, com mais de mil empregados, o negócio foi vendido para o grupo italiano Bormioli Rocco e Figlio. Em 2005, já alegando dificuldades financeiras, a companhia repassou o negócio para um conglomerado turco. Dois anos depois, a segunda fábrica da marca na França, que empregava mais de 100 pessoas, foi fechada.
Em 2008, após um processo de liquidação judicial, a Duralex passou para as mãos da atual direção, um grupo de acionistas que toca a empresa de forma autônoma. Durante uma década, os negócios caminharam bem e, em 2017, foi inaugurado um novo forno para substituir o antigo — mas o endividamento e problemas com a nova instalação, que atrapalharam a produção por um ano, iniciaram uma nova crise.
O processo de recuperação judicial, tutelado pelo Tribunal de Comércio de Orleans, terá duração de seis meses e determinará se a marca deve sobreviver ao golpe do coronavírus ou se essa será a última crise de sua história.