A empresa de consultoria EY divulgou nesta semana os resultados de seu novo estudo, “Trabalho Reimaginado – As novas formas de trabalhar”, que entrevistou mais de 2 mil pessoas em países da América Latina, incluindo o Brasil, para identificar os desafios do pós-pandemia, na percepção de gestores e funcionários de empresas, em relação a temas como produtividade, eficiência, atuação em equipe e desenvolvimento de novas competências.
Os dados mostram que, ao mesmo tempo em que as organizações perceberam que precisavam agir rapidamente para proteger seus colaboradores no atual cenário de pandemia, seria necessário repensar a forma de se trabalhar e assim manter a agenda de negócios.
Se, de um lado, 44% dos empregadores acreditam que seus negócios estão em perigo por causa da Covid-19, por outro, 46% dos empregados não enxergam que seus empregadores estejam 100% preparados para as mudanças comportamentais necessárias no pós-Covid, ao mesmo tempo em que 44% percebem que os impactos causados pela pandemia foram amplos.
“Nos últimos meses, as empresas têm experimentado na prática toda uma agenda de maneiras diferentes de organizar o trabalho e produzir valor”, avalia Oliver Kamakura, sócio de Consultoria em Gestão de Pessoas da EY Brasil. “Apesar das dificuldades iniciais, parecem agora convencidas de que o processo de transformação do trabalho será contínuo e veio para ficar. Paradigmas históricos – desde o operacional até o comportamental – estão sendo desafiados e serão temas frequentes das agendas estratégicas dos próximos anos”, acrescenta.
Produtividade, aprendizado e custos
As respostas obtidas com o levantamento foram separadas em três temas, sendo estes os mais presentes nas discussões dos comitês de gestão de crise e transformação nas organizações: desafios da produtividade, estratégia de custos diretos e aprendizado contínuo.
No que diz respeito à produtividade, o estudo aponta que, entre os colaboradores, existe a percepção de que houve aumento durante a pandemia, com sinais ainda mais evidentes entre aqueles com mais tempo de experiência profissional. Ainda assim, são vários os desafios que eles precisam enfrentar para permanecerem produtivos durante o trabalho remoto, sendo os dois principais a diferença de qualidade na conexão doméstica (27,2%) e a presença da família combinada com a falta de um espaço privado para a execução do trabalho (22,2%). Por essas e outras razões, é consenso entre os empregadores que eles precisam atender às demandas de seus empregados, principalmente aquelas relacionadas à manutenção do equilíbrio pessoal e profissional.
Quanto à reavaliação dos custos, na visão dos empregadores ela deve passar, principalmente, por ações de melhoria de processos e redução de trabalhos manuais (18,1%), de automação inteligente (16,5%), de revisão de modelos organizacionais e operacionais (14,9%) e de redução do número de escritórios físicos (12,9%). Por outro lado, os empregados enxergam que tais ações deveriam considerar a criação de alternativas ou flexibilização de horas de trabalho (15,4%), alternativas de remuneração e planos de benefícios (12,3%), revisão de políticas de descanso (11,5%) e melhora da oferta de benefícios de bem-estar emocional e físico (11,1%).
Em relação ao aprendizado contínuo, o estudo mostra que empregados e empregadores demonstram estar alinhados quanto aos desafios impostos pelas transformações aceleradas pela Covid-19. Se 83% dos empregadores acreditam que o aprendizado contínuo terá um amplo impacto na agenda de negócios, 72% dos colaboradores acreditam ter acesso a conteúdos relevantes e receber treinamentos, embora apenas 35% demonstrem algum preparo para atender às novas demandas dos clientes.
“A dinâmica do trabalho sofreu grandes mudanças no último ano e não deverá voltar ao antigo ‘normal’, mesmo nos setores baseados em modelos mais tradicionais de gestão de pessoas. Será cada vez mais necessário acompanhar os próximos passos de perto, buscando adicionar velocidade e eficiência às iniciativas que surgirem nos próximos meses para manter a capacidade de gestão do negócio”, conclui Kamakura.