A celebrada participação do Brasil nas competições de skate desta semana nos Jogos Olímpicos de Tóquio, com destaque para as duas medalhas de prata conquistadas por Rayssa Leal e Kelvin Hoefler na modalidade street, tem tudo para consolidar um novo patamar de reconhecimento e popularidade do esporte no país.
Foi uma longa trajetória até aqui para os adeptos e entusiastas brasileiros do skate – refletindo os altos e baixos da própria história do esporte, originário dos Estados Unidos entre os anos 1940 e 1950, até sua estreia nesta edição das Olimpíadas -, mas a resiliente comunidade nacional de skatistas tem garantido desde cedo, com talento e perseverança, cada vez mais espaço e respeito à prática amadora e profissional.
Veja abaixo 5 fatos que marcaram a história do skate no Brasil:
– Chegando ao país na década de 1960, quando começou a se difundir entre surfistas do Rio de Janeiro influenciados pela revista norte-americana “Surfer”, que o praticavam usando eixos de patins com rodas fixados em pedaços de madeira, o skate viveu um grande boom no país após aparecer na “Pop”, uma das publicações mais lidas pelos jovens brasileiros na época. Em 1974, o Rio sediou o primeiro campeonato brasileiro do esporte e, dois anos depois, em Nova Iguaçu (RJ), foi inaugurada a primeira pista da modalidade na América Latina.
– Apesar de o cenário nacional evoluir na década seguinte, o skate sofreu um duro golpe em 1988, quando Jânio Quadros, então prefeito de um de seus maiores centros de praticantes no país, São Paulo, o proibiu nas ruas da cidade. A medida foi vista como uma manifestação institucional do preconceito e da marginalização contra o esporte urbano e seus jovens adeptos, que reagiram organizando protestos e passeatas locais. A revogação da proibição, porém, só veio no ano seguinte, quando Luiza Erundina, então recém-eleita prefeita, a cumpriu como promessa de campanha.
– Os meios de comunicação, de fato, exerceram grande importância para favorecer a aceitação cultural e a expansão da prática do skate no Brasil ao longo dos anos, auxiliando a combater essa visão deturpada que o relegava a uma atividade de “vagabundos” ou mesmo “criminosos”. Entre revistas e programas de TV especializados, filmes e jogos de videogame, um dos grandes divulgadores do esporte entre o público brasileiro foi Chorão, líder da banda Charlie Brown Jr., que fez sucesso a partir dos anos 1990 com músicas e videoclipes que destacavam sua paixão pelo skate.
– Outro grande marco para a popularização e profissionalização da prática no país foi a fundação da Confederação Brasileia de Skate (CBSk), no dia 6 de março de 1999, em evento que reuniu, em Curitiba (PR), representantes da Federação de Skate do Paraná, Associação Porto-Alegrense de Skate, Associação de Skate Londrinense, Associação de Skate da Zona Sul de São Paulo, Associação Brasiliense de Skate e Associação Baiana de Skate. Sediada em São Paulo a partir de 2000, a CBSk soma hoje dez federações e cinco associações afiliadas em 11 estados, com uma atuação que tem fomentado a construção de centenas de pistas pelo país.
– Muito antes da estreia em Tóquio-2020, o Brasil já vinha construindo um forte histórico competitivo no cenário internacional do skate. O maior vencedor da história das “Olimpíadas dos esportes radicais”, como é conhecido o evento X Games, é um skatista brasileiro: Robert Dean Silva Burnquist, ou Bob Burnquist, soma 30 medalhas na competição (14 ouros, 8 pratas e 8 bronzes). Burnquist, eleito o melhor skatista do mundo ainda em 1997, também se consagrou no esporte pela técnica revolucionária do switchstance, que consiste na inversão da posição dos pés sobre o skate.
(com informações de COB e Guia do Estudante)