É inegável que vivemos tempos de transformações rápidas e muita incerteza. Nem é preciso ir muito longe. Pensa só: quanta coisa já não é mais igual ao que era há um mês. Nossa rotina, nosso jeito de trabalhar e de se relacionar com as pessoas e com o mundo. A forma como lidamos com dinheiro também já mudou.
E seguirá em alteração constante, como fica claro com o novo teto de juros do crédito consignado em 1,80% – anteriormente a taxa estava em 2,08%. Ao agir assim a intenção do Governo é reduzir os efeitos negativos na economia com o avanço da Covid-19 no Brasil. Não há dúvidas de que o trabalhador precisará de crédito e que será inevitável melhorar as condições de acesso a ele.
A pandemia nos faz relembrar da importância da solidariedade e da atuação coletiva da sociedade. Por acreditar nisso, muitas Fintechs encontraram formas de facilitar o acesso ao créditos e entregam produtos mais justos – indo na contramão dos bancos, que aumentaram suas taxas nos últimos dias.
Acreditar que as pessoas são boas pagadoras e oferecer taxas de 1,29% – frente à média do mercado de 2,40% – pode parecer ingenuidade. Mas algumas Fintechs têm como propósito sincero ajudar a equilibrar a vida financeira das pessoas, zerar as dívidas e positivar os saldos. Mais do que isso, colaborar com um ciclo positivo onde prevaleça o planejamento e a educação financeira.
Mas como fazer diferente de um banco convencional? Ser digital de verdade, com um processo mais eficiente, menos burocrático e, por isso, mais barato. Mas para além disso, acreditar nas pessoas, saber que o trabalhador só está buscando um meio de não deixar de pagar suas contas, e que só precisa de ajuda pra enfrentar isso.
Imagine um cliente de um banco que receba seu salário fixo e usa a conta para diversos fins. Em algum momento – em meio à uma pandemia, por exemplo – ele precisa de um dinheiro extra e utiliza o cheque especial pré-aprovado para resolver sua urgência.
Pode parecer uma opção tentadora, mas há pegadinhas mascaradas. Porém, o mesmo banco, que conhece o perfil de consumo do cliente, sua conta corrente e o risco, também tem disponível um crédito mais barato, como o consignado, ao qual o cliente tem direito. A taxa do crédito consignado seria de 2%, mas o banco prefere cobrar juros de 8% ao mês pelo cheque especial contratado.
O que acontece é que o banco não oferece o crédito mais vantajoso, não troca o cheque especial pela dívida mais barata, não auxilia de fato no momento difícil, mas lucra em cima do trabalhador. Para enfrentar essa crise de confiança, só mesmo acreditando. E lançando mão de um projeto transparente, com crédito ágil e juros mais baixos. No fundo, não deveria interessar a ninguém nada menos do que pessoas com uma vida financeira equilibrada, mesmo passando por um momento difícil e ficando leve no futuro.
*Gustavo Raposo é catarinense, empreendedor e CEO da Leve Capital. Em 2007 desenhou a Arvus Tecnologia, especializada em serviços e produtos para agricultura de precisão. Comprada em 2014 pelo grupo sueco Hexagon AB, a empresa de AgTech é um case de sucesso na área.