O e-commerce brasileiro teve um aumento de 56,8% no faturamento em 2020, segundo um levantamento feito pelo Movimento Compre & Confie em parceria com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).
Esse crescimento tem relação direta com a pandemia de Covid-19, já que as compras online se tornaram a opção mais cômoda e segura, quando não a única viável, considerando as medidas restritivas.
Com as lojas físicas fechadas ou funcionando em horários reduzidos, além da necessidade de isolamento social, muita gente deixou a desconfiança de lado e aderiu às compras online.
Aliás, 13 milhões de brasileiros fizeram a primeira compra pela internet em 2020, segundo o relatório Webshoppers 43, feito pelo Ebit/Nielsen em parceria com o Bexs Banco.
Com o avanço da vacinação e a flexibilização progressiva das medidas restritivas, fica a pergunta: quais as perspectivas e desafios para o crescimento do e-commerce no cenário pós-pandemia?
Desempenho do comércio eletrônico em 2021
Se as vendas tiveram um boom em 2020, os números de 2021 também mostram um cenário de expansão: houve um aumento de 20,04% no faturamento em agosto, comparado ao mesmo período em 2020. Os números são do índice MCC-ENET.
Entretanto, apesar do saldo geral positivo, alguns setores do varejo tiveram queda nas vendas, como aponta uma pesquisa realizada pela Corebiz, agência especializada em negócios digitais.
A análise comparou o desempenho nas vendas por setor em agosto de 2021 com agosto de 2020. Veja os resultados por segmento:
- Alimentos: queda de 23%;
- Moda: queda de 18%;
- Tecnologia: queda de 8%.
A mesma pesquisa mostrou ainda um aumento nas vendas, em comparação a 2020, nos seguintes setores:
- Casa e construção: aumento de 14%;
- Cosméticos: aumento de 21%.
Um dado relevante ao se pensar no futuro do setor é que o e-commerce representa apenas 6% do varejo total, em quantidade de lojas, como apontou a pesquisa Perfil do E-commerce Brasileiro 2021, mostrando, assim, que esse setor ainda tem espaço no mercado e pode crescer nos próximos anos.
Desafios do e-commerce no Brasil
Apesar da contínua expansão desde o início da pandemia, o e-commerce no Brasil tem que lidar com desafios para seguir crescendo.
Um deles é a redução na renda que uma parte considerável da população vem sofrendo. Trata-se de uma questão que afeta o varejo como um todo, na verdade. Uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostrou que 63% dos participantes tiveram perda na renda mensal durante a pandemia.
Com o poder de compra reduzido, uma das estratégias utilizadas para economizar é a consulta em sites de comparação de produtos, como o Seletos, que oferece listas dos melhores produtos em diversas categorias. Isso pode ajudar o consumidor a encontrar a melhor opção pelo menor preço, através de lista dos produtos, que incluem a marca e modelo com o melhor custo-benefício.
Falando em desafios específicos das lojas de e-commerce, podemos listar três fatores cruciais para o setor:
- Logística;
- Segurança de dados;
- Alta concorrência.
Logística
Proporcionar a aquisição imediata dos produtos ainda é uma vantagem do varejo físico sobre o e-commerce. Entretanto, a pandemia obrigou diversas empresas a fazer melhorias em seus processos de logística, para que o imediatismo do cliente não fosse um obstáculo.
Como resultado, modalidades de entrega com prazos super reduzidos passaram a ter maior oferta. Em muitos casos, a entrega ocorre poucas horas após a compra virtual.
Entretanto, a logística, que engloba desde o estoque e embalagem dos produtos até a entrega final ao consumidor, ainda representa um desafio para o e-commerce.
Este passa a ser um o ponto crucial para o desenvolvimento do negócio. Investir em bons softwares de logística (CRM), ter um bom controle dos processos e automatização são algumas soluções que ajudam a encarar esse desafio e melhorar todo o sistema.
Segurança de dados
Para comprar em uma loja virtual ou site, o consumidor precisa estar seguro de que seus dados estarão protegidos.
Sendo assim, episódios como a invasão do site da Renner trazem desconfiança ao público, embora, no caso citado, a empresa afirme que os dados dos clientes não vazaram.
De todo modo, garantir a segurança de dados e transmitir credibilidade aos clientes nessa área é um desafio.
Ainda nesse quesito, devemos lembrar que os canais de vendas online precisam cumprir as exigências da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Concorrência
Com a ampliação do número de empresas operando no varejo eletrônico, fidelizar os clientes e garantir a recorrência das vendas é mais um desafio, sobretudo para pequenos e médios empreendedores.
Investir na qualidade do atendimento, em estratégias de marketing digital e no fortalecimento da marca, além de analisar estrategicamente os concorrentes, são ações que podem ser adotadas para enfrentar essa questão.
Crescimento do e-commerce pós-pandemia: o que esperar?
Embora seja impossível fazer uma previsão exata, o cenário atual sugere que o crescimento do e-commerce vai se sustentar no período pós-pandemia.
Os dados referentes ao primeiro semestre de 2021 são um dos elementos que embasam o prognóstico positivo.
É provável que o consumidor que começou a comprar pela internet em função das restrições impostas pela pandemia não abandone esse hábito, mesmo com a volta à normalidade.
Vale mencionar ainda que muitas empresas expandiram sua estrutura para o ambiente online em função da pandemia, obtendo assim uma nova fonte de receita. Portanto, temos um cenário no qual as vendas online e offline se complementam.
Também vimos que o e-commerce ainda tem uma participação pequena, considerando a totalidade do varejo, mais um sinal de que há diversas oportunidades de expansão.
A queda no poder aquisitivo do consumidor, assim como a logística, a segurança de dados e o aumento da concorrência, por sua vez, representam desafios no setor.
Sendo assim, é fundamental implementar estratégias e ações direcionadas a esses pontos, para garantir a manutenção do cenário positivo.