Em meio à profunda crise sanitária, social e econômica que marcou o ano de 2020 mundo afora, com a eclosão e o agravamento da pandemia do novo coronavírus, o mercado registrou notável crescimento em setores específicos, vinculados a produtos e serviços que buscam compensar as restrições impostas pela realidade do isolamento social e atender às novas – e velhas – necessidades do público nesse cenário.
Além do impulso nas áreas mais diretamente afetadas pela Covid-19 e seus efeitos imediatos, como o boom da indústria farmacêutica no desenvolvimento de vacinas contra a doença e os lucros anotados pelas operadoras de planos de saúde, 2020 se encerra como um período especialmente vitorioso para negócios nos segmentos de tecnologia e e-commerce.
Destacamos abaixo cinco empresas que se despedem do ano fortalecidas:
Amazon
A gigante norte-americana de Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo, viu sua capitalização crescer US$ 401,1 bilhões durante a pandemia e fechou o terceiro trimestre de 2020 com US$ 6,3 bilhões de lucro, três vezes mais que aquele observado no mesmo período de 2019.
Com mais tempo em seus lares para cumprir as medidas de distanciamento impostas pelos governos internacionais ao longo do ano, os consumidores recorreram não apenas ao varejo online da Amazon, mas a seu serviço de streaming de filmes e séries, o Amazon Prime Video.
Outra famosa plataforma de entretenimento da categoria, o Netflix, também cresceu em arrecadação durante a quarentena, encerrando o terceiro trimestre de 2020 com lucro de US$ 2,2 bilhões. Em comunicado enviado a investidores, a companhia comemorou ter registrado 28,1 milhões de assinaturas apenas nos primeiros nove meses do ano – sendo que 2019 totalizou 27,8 milhões de assinantes.
Microsoft
No ano em que as modalidades de teletrabalho se popularizaram como solução para a manutenção de atividades profissionais à distância, a big tech de Bill Gates faturou US$ 269,9 bilhões em capitalização, devido ao enorme sucesso do Teams, seu aplicativo para videoconferências. Em um único dia, o serviço chegou a ser utilizado por 75 milhões de pessoas, contra 20 milhões registrados no final de 2019.
Além disso, o CEO Satya Nadella dirigiu o foco estratégico da companhia para o desenvolvimento do Microsoft Azure, plataforma de armazenamento de dados em nuvem, que se tornou fundamental para a base digital de diversas empresas. Soma-se a isso o sucesso do serviço online de games XBox Live, mais uma fonte de lazer doméstico bastante utilizada em 2020.
A Apple, sua rival no setor tecnológico, também tem motivos para celebrar o ano, com um aumento de US$ 219,1 bilhões em seu valor de mercado, sendo a primeira companhia dos EUA a valer US$ 1,5 trilhão. Apesar de ter fechado as portas de suas 500 lojas físicas, a companhia explorou a alta demanda por gadgets atualizados com o lançamento de novos iPhone, iMac e MacBook Air.
A rede social de Mark Zuckerberg se beneficiou com o aumento de usuários, acessos e níveis de engajamento em meio à pandemia, lucrando US$ 21,5 bilhões até o momento e comemorando um crescimento de 22% no faturamento em comparação com 2019. Apenas em setembro, a plataforma obteve 1,8 bilhão de usuários ativos, 12% a mais em relação ao mesmo período do ano passado.
Entre novos lançamentos da empresa em 2020, como recursos de bate-papo por vídeo e transmissões ao vivo, estreou a Facebook Shops, plataforma de e-commerce criada para concorrer com a Amazon.
PayPal
A plataforma de pagamentos online, setor beneficiado pelo crescimento do e-commerce em 2020, informou ter obtido lucro de US$ 1,53 bilhão no segundo trimestre do ano, uma alta de 86%, diante dos US$ 823 milhões observados no mesmo período de 2019. Com a adesão de milhões de novos usuários e estabelecimentos, o PayPal cresceu US$ 65,4 bilhões em valor de mercado, além de apresentar novos recursos para facilitar o pagamento e a gestão do dinheiro movimentado.
Bancos digitais, a propósito, também se valorizaram. A fintech brasileira NuBank, por exemplo, viu seu número de clientes dobrar ainda no primeiro semestre do ano, com 26 milhões de cadastros, e contabilizou aumento de 48% no faturamento, com lucro de R$ 19,9 bilhões. Outra empresa da área no país, o Banco Inter, espera encerrar 2020 com arrecadação superior à de 2019, quando lucrou R$ 1 bilhão, já tendo ultrapassado R$ 918,4 milhões em faturamento nos primeiros nove meses deste ano.
Mercado Livre
Com 46,5% de todo o tráfego em sites de e-commerce na América Latina, sendo o mais utilizado do setor pelos brasileiros (com 256,4 milhões de acessos em julho, segundo pesquisa da Ebanx), o Mercado Livre arrecadou US$ 1,116 bilhão no terceiro trimestre do ano, um crescimento de 85%, além de comemorar a marca de 76,1 milhões de usuários únicos ativos, aumento de 92,2%. Somente no Brasil, responsável por 55% de sua receita líquida total, a companhia faturou US$ 610,7 milhões.
A varejista brasileira Magazine Luiza também foi destaque por seus investimentos na área de e-commerce e marketplace, garantindo crescimento de 145% no setor, segundo balanço do terceiro trimestre de 2020, o que lhe acumulou, apenas nessa área, uma arrecadação superior a R$ 2,7 bilhões no ano. A rede também registrou, no período, o maior faturamento em um único trimestre de sua história: R$ 12,4 bilhões, aumento de 81% na analogia com o mesmo intervalo de 2019.