Todo início de um novo ano é um momento em que a maioria das pessoas reflete sobre a carreira e onde gostaria de estar. Mas, para colocar em prática o sonho de mudar de profissão, conquistar uma nova posição ou até mesmo abrir um negócio, é preciso arregaçar as mangas e investir num programa de transição de carreira. Até porque o mercado de trabalho está altamente competitivo, com mais profissionais do que oportunidades disponíveis, e ainda instável por conta da pandemia de covid-19 e das variações econômicas.
Segundo a consultora e diretora da consultoria global LHH na região Sudeste, Cristina Fortes, muitas vezes as pessoas estão esgotadas, cansadas e desgastadas da busca por uma colocação e procuram uma solução rápida para mudar de carreira a qualquer custo. O risco dessa mudança desestruturada é gerar novas insatisfações em um curto prazo, além de outros impactos, como na vida financeira e familiar.
Transições de carreira bem sucedidas são feitas com planejamento, e entender os motivos da insatisfação atual é um bom começo. “O mundo atual requer uma adaptação frequente às mudanças, um jeito novo de fazer, mesmo nas profissões mais tradicionais, e neste período, com um cenário turbulento, esse ponto requer especial atenção, pois exigirá dos profissionais uma dose maior de resiliência e persistência. Portanto, se a insatisfação existe porque o profissional deseja atuar como no passado, no emprego anterior, por exemplo, não será uma mudança de emprego que irá resolver isso”, explica a consultora.
Ela também elenca outros pontos que precisam ser analisados, como a história da pessoa, quais os seus valores e talentos, o que ela tem a oferecer ao mundo e e o que faz brilhar os seus olhos; assim, é possível identificar o seu propósito. “Se o profissional não estiver alinhado ao seu propósito, os obstáculos que surgem no dia a dia de trabalho pesarão cada vez mais e ele se sentirá esgotado. Já se estiver alinhado, tais obstáculos serão percebidos como desafios, que o farão se desenvolver cada vez mais. Ele terá mais clareza e capacidade de enxergar as possibilidades de crescimento na carreira e as etapas a serem cumpridas, mesmo que isso implique em renunciar posição, cargo ou dar alguns passos para trás para recomeçar”, salienta Cristina.
Quanto maior a natureza da mudança, maior o tempo a ser dedicado ao planejamento. “Sabemos que todo recomeço requer maior aprendizado e mais tempo para gerar resultados, por isso é fundamental ter uma boa reserva financeira e uma nova forma de gastar os seus recursos, até que a nova carreira seja rentável”, orienta a especialista. Ela ainda acrescenta que, por um outro lado, muitas condições de carreira se ampliam na pandemia, especialmente com a possibilidade de trabalho remoto, então as possibilidades não estão restritas apenas à sua região geográfica.
Nesse estágio é preciso investigar as necessidades do mercado, checar se é preciso se atualizar em conhecimentos técnicos e desenvolver competências comportamentais complementares. Cristina destaca que o momento é de traçar um plano de ação prático, com metas e datas bem definidas, tendo em mente oportunidades como processos seletivos de empresas atuantes no setor visado.
Em toda essa jornada o profissional precisa ser protagonista, ter a capacidade de aprender, desaprender e agir, colocar as ideias em movimento. Também é fundamental, segundo a consultora, “ampliar conexões com pessoas da área e saber que pode buscar ajuda profissional, de um coaching e/ou mentor que agregue conhecimento e experiência, além de metodologia para agilizar e viabilizar o seu plano”.