O que aconteceu? O futuro não chegou? Ou será que chegou?
No final de 2019 havia um crescente senso de otimismo sobre o mundo.
2020 parecia ser um número mágico e um importante ano para se estar
vivo. Sentíamos que o futuro havia chegado.
Mas 2020 chegou com incêndios florestais devastadores no Brasil e
Austrália, e agora temos o Covid-19. Mas e se os nossos desejos foram
atendidos? E se para construir um novo e belo futuro sejam necessários
trabalho urgente, lições duras e contemplação profunda?
Estamos experienciando as dores do crescimento, da transição
acelerada. Agora, devemos arregaçar as mangas, e fazer o difícil
trabalho de projetar novos futuros possíveis juntos.
Como fazemos isso? Primeiro ao reconhecer que nós não sabemos nada.
Devemos voltar ao mindset de iniciante. Precisamos parar de procurar
respostas e, em vez disso, focar em descobrir questões profundas que nos
ajudarão a reinventar nossas vidas e sociedade.
Um novo futuro precisa de um novo pensamento
Humanos são criativos e estão sempre procurando novas maneiras de
fazer coisas. Mas, neste momento, não temos escolha. Percebemos que as
maneiras antigas de fazer as coisas não se aplicam mais ao presente.
Agora é o tempo de nos adaptarmos. Há três maneiras de começar a pensar
sobre o futuro:
1 – O futuro é uma possibilidade
O futuro é uma possibilidade, e não uma previsão. Como inovadores,
nunca devemos subestimar o ‘fator humano’ de tendências culturais e como
elas estão influenciando nosso caminho adiante.
O que as pessoas estão
falando, pensando e fazendo nesse exato momento? Quais as condições que
suas ações estão criando? Como podemos usar essas tendências para criar
possíveis cenários futuros?
Não é sobre criar um caminho para o futuro,
mas sim sobre olhar a ação humana e brincar com as diversas
possibilidades que podem surgir dessas ações no futuro.
2 – Precisamos de ação
Enquanto há um sentimento de mudança acelerada no mundo, também há um
sentimento interno de inércia. Há uma sensação de medo enquanto
assistimos o desenrolar de eventos ao nosso redor que podem nos deixar
sentindo desesperançosos e desamparados.
A inércia sentida também é um espelho nos mostrando quão improdutivos
nós somos. Antes estávamos ocupados com nossas vidas, sem prestar muita
atenção nas nossas ações. Todas as tarefas desnecessárias se foram, o
que abriu uma brecha perfeita para ação.
Como designers, devemos nos perguntar quais medidas podemos tomar
agora para criar ação. Assim como adotar ação, devemos entender o novo
mindset, passando do fracasso para o aprendizado.
3 – Passando do fracasso ao aprendizado
Agora é o momento perfeito para desapegar do certo ou errado. A
partir de agora, só há questionamento e aprendizado. Devemos mudar
nossos mindsets de tentar confirmar o que achamos que sabemos e adotando
o que não sabemos.
Precisamos nos tornar exploradores de um novo mundo.
Indo adiante, devemos aprender, descobrir, documentar e entender. Agora
é o momento de desapegar de nossas noções preconcebidas.
Nosso dever é embarcar em uma busca para descobrir o máximo que
podemos sobre as áreas que parecem misteriosas para nós. Desenvolver
mentalidade de aprendiz nos coloca em uma posição melhor para entender
esse novo futuro que estamos criando juntos.
Gostamos de descrever um
mindset de aprendiz como uma nova maneira de ver o mundo, sem impor
nosso conhecimento e viés prévio. Precisamos desapegar do que sabíamos
antes e deixar caminho livre para novas perguntas, experiências e
descobertas.
Como organizações podem trabalhar em direção a futuros melhores?
Essa é uma oportunidade sem precedentes para líderes buscarem
maneiras de acelerar mudanças dentro de suas organizações. Os passos
acima podem criar condições dentro de uma organização que atendam às
demandas de mudanças aceleradas.
A liderança precisa abrir a mente para
as possibilidades dos diferentes futuros. Ela pode trabalhar na direção
desses futuros ao tomar atitudes, não importando quão pequenas, para
começar a explorá-las. E quando estiver fazendo isso, é o momento de
desapegar da ideia de fracasso.
Adote a mentalidade de aprendiz! Em momentos de estresse, nós
queremos resolver os problemas rapidamente, mas é cedo demais. Ainda
temos um longo caminho pela frente, e devemos manter a mente aberta.
O
futuro está chegando, nós ainda podemos ter aquilo que sonhamos. Devemos
enfrentar o desafio e fazer o trabalho duro que é trazer esse novo
futuro à realidade.
Inovação é uma adaptação que cria um novo caminho. Precisamos olhar
para todos os lados em busca de inspiração para o que desejamos em
nossos futuros. E o momento de começar é agora.
Ricardo Ruffo é co-fundador da Echos – Laboratório de Inovação