Como empreender no mercado de vinhos no Brasil
Como empreender no mercado de vinhos no país da cerveja?
O Brasil soube com seu jeitinho particular de ganhar espaço, alcançar números expressivos no mercado de vinho do mundo. Aproveitando a nossa riqueza natural e diversidade geográfica para conquistar o 6º lugar no ranking de maior produtor de vinho no Hemisfério Sul e o 14º do mundo. As terras hoje usadas na produção de vinhos no Brasil, alcançam os impressionantes 79,9 mil hectares. Temos mais de mil vinícolas no Brasil, sendo a imensa maioria delas em pequenas propriedades. E pasmem, 90% delas, ao contrário do que muitos pensam, são micros e pequenas empresas, a maioria instalada em pequenas propriedades familiares.
Como se colocar neste mercado?
Muitos de nós, até mesmo por falta de conhecimento, tendemos a acreditar que a produção de vinho é algo possível somente em grandes propriedades e por empresas de grande porte. Felizmente no Brasil essa não é a realidade e a maioria das propriedades são pequenas e médias empresas.
Além da possibilidade de micro e pequenos empreendedores terem oportunidade para produção de vinho, temos um espaço enorme para outras atividades empresariais que rodeiam a produção, como logística especializada, distribuição entre outras. Um mercado cheio de oportunidades. A produção no Brasil vem crescendo nos últimos anos e como cada vez mais o vinho Brasileiro vem sendo aceito nacional e internacionalmente, pois, toda a produção tem sido facilmente escoada, a tendência é que o mercado precise cada vez mais de fornecedores de produtos e serviços especializados.
Assim como o mercado de cervejas artesanais tem ganhado mercado, o vinho de produção familiar também tem tido seu valor percebido.
Ricardo, mas o Brasileiro não é consumidor de vinho como é de cerveja! Claro que não é, como também nos anos 80 e 90 não era consumidor de música sertaneja e hoje as duplas dominam o mercado. Quem quer empreender tem que olhar o mercado futuro, pois, os primeiros a chegar sempre escolhem os melhores locais. Chegar no mercado depois que virou moda dificulta o posicionamento. Quem investiu em cerveja artesanal há dez anos atrás hoje tem uma boa posição. Assim como empresas brasileiras que já tinham suas produções de vinho, quando o Brasil ocupava posições pífias no ranking mundial, hoje estão muito bem posicionadas. A tradição no mercado de vinhos é muito respeitada.
Como conquistar o consumidor?
Eu recomendo que se você deseja começar no mercado de vinho, saia um pouco da visão de vinho feito para paladares e pense em vinho feito para pessoas. As cervejas que são um exemplo de conquista a ser estudado, pois, se fossemos pensar em paladar e tradição, o Brasil estaria muito mais para a cachaça que para a cerveja. As cervejas sempre foram pensadas, enquanto produtos para nichos de pessoas e não de paladares. As cervejarias montam seus produtos baseadas muito mais em estudos de consumidores por perfil de comportamento e muito menos de paladar.
Ricardo, você ficou maluco? Está dizendo que o vinho não deve focar no paladar, sempre foi assim. Não. Estou dizendo que não existe uma marca de vinho que represente quem gosta de esportes, ou roqueiros, por exemplo? Todos os vinhos na minha opinião estão voltados para paladares e não perfis comportamentais. Com exceção com alguns poucos vinhos de baixo custo, geralmente embalados em garrafas Plástica, a maioria dos vinhos parecem terem sido pensados para um público mais requintada.
Já se perguntou porque as cervejas são campeãs de vendas? Claro que analisando mais profundamente do que o clima, o custo e visões mais limitadas. Algumas cervejas artesanais também não combinam com preço popular e temperatura ambiente do Brasil, mesmo assim vendem como água atualmente.
Se você quer entrar no mercado de vinhos no Brasil recomendo fazer um bom benchmark no mercado de cervejas artesanais.
Outra recomendação é que veja o que é feito no Brasil, pois, apesar de termos aprendidos com os gringos, nossos vinhos têm particularidades de produção que fazem toda a diferença.
Porque a cerveja atrai mais que o vinho?
O mercado de cerveja já está consolidado, mas vou deixar minha análise, fugindo das respostas mais comuns, tais como clima do país, preço baixo e alta escala de produção e procura.
O vinho não consegue, ainda, a exposição no ponto comercial de todas as classes econômicas e armazenamento e distribuição como tem a cerveja. Essa na minha visão é o motivo de o vinho não atrair tanto quanto a cerveja. Mas como eu disse anteriormente houve um tempo em que a cachaça era líder de vendas no Brasil e poucos sequer sabiam o que era uma cerveja.
Minha recomendação para o mercado de vinhos no Brasil.
Minha recomendação é que o vinho precisa encontrar melhores formas de distribuição e consumo nos pontos mais populares do comércio, assim como as cervejas que chegam em todos os lugares facilmente. Qualquer lugar do Brasil, dos mais ermos que você possa imaginar você encontra um botequim vendendo ao menos 4 marcas de cerveja.
Claro que é um desafio, pois, o transporte, armazenamento e consumo de vinho são bem diferentes da cerveja. Porém, se você quer ser o empreendedor que popularizará o vinho no Brasil, este desafio te pertence.
Fato é: O mercado está crescendo, o brasileiro está mudado e o vinho casa bem com nosso feijão, arroz e farofa.
Grande abraço e até o próximo artigo.
Ricardo Veríssimo — Palestrante e Escritor