O alto preço da carne bovina no varejo brasileiro pode começar a cair caso a China mantenha a suspensão à importação do produto, determinada após o Ministério da Agricultura ter notificado, no início de setembro, dois casos suspeitos do mal da vaca louca em frigoríficos de Minas Gerais e Mato Grosso.
Mesmo após a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) atestar que as ocorrências não comprometem a cadeia produtiva nacional, o país asiático, responsável por adquirir quase metade das cerca de 2 milhões de toneladas de carne anualmente exportadas pelo Brasil, sustenta o embargo há 47 dias.
Os efeitos já são sentidos no campo: de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, a arroba bovina chegou nesta quarta-feira (20) a R$ 262,90, seu menor valor no ano. Reflexos também começam a ser observados no atacado, com queda de preço no estado de São Paulo porque parte do que seria exportado para a China foi reencaminhada ao mercado doméstico, conforme explicou ao g1 o analista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado.
“Parte da carne já entrou no nosso mercado e isso se refletiu no atacado. Antes de agosto, o quilo do corte do bovino estava em torno de R$ 17 e recuou para R$ 14 nesta semana”, disse Iglesias. “Essa queda pode chegar ao consumidor, mas não na mesma proporção do atacado. Movimentos de alta de preço são repassados de forma mais agressiva pelo varejo. Mas, quando são de baixa, não é assim. Esses repasses acabam sendo mais discretos. É um perfil do negócio”, destacou o especialista, ressaltando que, se a suspensão da China se prolongar por muito mais tempo, o aumento da carne disponível para o mercado interno pode resultar em reduções de valor mais expressivas para os brasileiros.
“Não tem outro consumidor mundial que consegue comprar em quantidade e preço o que a China compra do Brasil. Então essa carne vai acabar indo para o mercado interno e o preço pode recuar de forma mais significativa”, afirmou.
Na última terça (19), o governo federal deu um sinal de que o embargo pode, de fato, se estender consideravelmente: os frigoríficos nacionais habilitados para exportar para a China receberam determinação do Ministério da Agricultura para suspender a produção para o país por 60 dias.
(por g1)