Um dos nomes mais bem-sucedidos da música pop brasileira está de volta aos holofotes do mercado de entretenimento. Na semana passada, a gravadora Sony Music anunciou ter fechado uma nova parceria com o Charlie Brown Jr., banda de rock que se mantém uma marca de enorme popularidade no país, oito anos após a repentina morte de seu líder, Alexandre Magno Abrão – o carismático vocalista Chorão.
Celebrando os 50 anos que o querido roqueiro teria feito em 2020, seu filho e único herdeiro, Xande Abrão, assinou contrato com a tradicional empresa do ramo para vários lançamentos comemorativos neste ano, incluindo material inédito deixado por Chorão, uma nova linha de produtos exclusivos ligados à banda e uma turnê de homenagem com membros remanescentes e convidados, prevista para ser iniciada “assim que os efeitos da pandemia forem controlados”, segundo comunicado da Sony.
Além da expectativa por novas músicas e shows, estrelados pelos integrantes Marcão Britto, Heitor Gomes, André “Pinguim” Ruas e Bruno Graveto, ao lado do ex-vocalista do grupo Tihuana, Egypcio, os fãs do Charlie Brown Jr. aguardam ansiosos pela estreia do documentário “Chorão: Marginal Alado”, que estará disponível em plataformas de streaming no dia 8 de abril. Premiada na 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 2019, a produção dirigida por Felipe Novaes baseia-se em mais de 600 horas de gravações pessoais registrando a intimidade do vocalista e os bastidores de sua carreira, com depoimentos de familiares e amigos de Chorão, como o baixista e parceiro de banda Champignon, também falecido em 2013.
Todos esses projetos buscam não só saciar a vontade de uma legião de admiradores Brasil afora, ávidos por consumir novidades relacionadas ao grupo, mas também destacar seu legado como um dos maiores fenômenos do rock nacional e dos últimos grandes representantes do gênero no país.
O porta-voz de uma geração
Formado em 1992, em Santos (SP), o Charlie Brown Jr. despontou profissionalmente em 1997, unindo as subculturas do surfe e do skate e combinando estilos musicais variados como punk rock, rap e reggae – uma mistura aparentemente inusitada que, somada a uma atitude irreverente e bem-humorada, incorporada na personalidade magnética de Chorão, provou ser exatamente o que o público jovem da época não sabia que queria tanto.
O sucesso de músicas como “Zóio de Lula”, “Te Levar”, “Papo Reto”, “Lutar Pelo que É Meu” e “Só os Loucos Sabem” garantiu, até 2013, a venda de mais de 5 milhões de cópias dos produtos da banda, incluindo 11 CDs e 6 DVDs, além de prêmios de prestígio na indústria: 2 Grammys Latinos, 2 Prêmios Multishow de Música Brasileira e 5 troféus MTV Video Music Brasil. Essa produção consistente de hits evidencia a visão, a sensibilidade e o talento de Chorão como compositor antenado aos desejos e anseios de seu público, cantando com a mesma desenvoltura sobre temas como desigualdade social e superação pessoal, amor e sexo, vícios e virtudes.
Quando foi encontrado morto, por overdose de cocaína, em 6 de março de 2013, o vocalista já havia alcançado um lugar especial, de onde não sairia mais, como porta-voz de uma geração que segue prestigiando sua memória e a marca que fundou: o Charlie Brown Jr. soma mais de 3 milhões de ouvintes mensais no Spotify, atrás apenas de Nando Reis entre os artistas de rock mais ouvidos da plataforma no Brasil, segundo levantamento do canal Brain Stats.
Com tantos lançamentos previstos, o retorno especial do grupo à cena deverá atrair também uma nova leva de fãs, renovando seu apelo e assegurando a continuidade desse longevo sucesso.