Nesta segunda (24), o Bitcoin caiu quase 9% e chegou ao nível mais baixo em seis meses. A criptomoeda já perdeu quase metade do seu valor desde o recorde atingido em novembro. Apesar de muitos investidores em pânico, outros aproveitaram o momento para ir às compras: segundo relatório publicado pela gestora de ativos digitais CoinShares, entre 15 e 21 de janeiro novos investidores de fundos de criptomoedas fizeram aplicações de US$ 14,4 milhões. Mas o que explica essa queda que parece não ter fim?
Para Tasso Lago, gestor de fundos privados em criptomoedas e fundador da Financial Move, todo o mercado de cripto está sofrendo com a perspectiva de aumento dos juros norte-americanos por parte do FED, o banco central dos EUA. “Estamos vendo a inflação subindo forte no mundo, o que impacta todas as bolsas globais como a Nasdaq e a S&P 500. E criptomoeda, por ser um ativo de renda variável, oscila muito. Tudo que é variável sofre com aumento do FED. Mas, apesar disso, eu ainda acredito que 2022 será um ano bem positivo para o bitcoin”, diz o especialista.
Felipe Veloso, economista e fundador da escola Cripto Mestre, lembra que em momentos de alta de juros a renda fixa se revela mais atraente ao investidor: “Com a inflação em alta, o FED não consegue manter os juros atuais sem subir e, quando isso acontece, temos uma migração de fluxo de ativos, fazendo com que a renda fixa fique mais atraente. O investidor, então, prefere aplicar seu dinheiro em ativos mais seguros e tirar do risco”.
Segundo Andrey Nousi, CFA e fundador da escola Nousi Finance, a tensão geopolítica entre Rússia e Ucrânia é outro fator que deteriora ainda mais o ânimo dos investidores. “Vemos um jogo político muito delicado em que nenhum dos lados cede. A Ucrânia quer entrar na Otan e a Rússia não quer permitir. Os EUA enviaram US$ 250 milhões de dólares em armamentos para a Ucrânia, o que aumenta ainda mais o cenário conturbado. Um conflito armado não é bom porque não se sabem as dimensões desse tipo de embate. E a pior coisa para o investidor é a incerteza”, afirma.
Para Nousi, é muito difícil saber quando o Bitcoin irá parar de cair e o ponto certo para comprar. Por isso, o indicado é fazer aportes periódicos. “Eu prefiro a estratégia de aporte periódico, assim o investidor suaviza a volatilidade. Se comprou e caiu em seguida, no próximo mês pode acumular mais bitcoin a preço menor. Isso traz disciplina nos aportes”, explica.
Lago acredita que o momento de baixa é uma excelente chance de compra: “Além da queda do Bitcoin, temos criptos do metaverso como MANA e SAND caindo mais de 50% do topo. Vejo ótima oportunidade no longo prazo. O ETF HASH11 ultrapassou o BOVA11, que replica a bolsa, em apenas nove meses. Ou seja, a demanda por cripto é gigante e vai continuar”.
De acordo com o fundador da Financial Move, cada cripto é uma empresa de tecnologia descentralizada, apresentando volatilidade maior porque a incerteza e o risco são maiores também. “O mercado se torna irracional quando cai, o que torna o preço elástico, e vemos pessoas vendendo por pânico. Geralmente o período de pânico é a fase final da correção e onde se gera mais oportunidades”, avalia.