As armas e a responsabilidade social das empresas
Flexibilizando o acesso à posse de armas de fogo no Brasil, 76% dos brasileiros poderão ter o objeto
Em quinze dias como presidente do Brasil, Jair Bolsonaro cumpriu uma das maiores promessas da sua campanha eleitoral: alterou o Estatuto do Desarmamento de 2003 (Lei n°10.826/2003), flexibilizando o acesso à posse de armas. Isso significa que agora muitas pessoas poderão ter a posse de armas – e não o porte. Seria uma autorização emitida pela Polícia Federal para que o cidadão possua uma arma de fogo – de calibre não restrito – dentro da sua casa (ou nas dependências dela) e no local de trabalho, caso seja ele o proprietário ou o responsável legal pelo estabelecimento.
Flexibilizando o acesso à posse de armas de fogo no Brasil, 76% dos brasileiros poderão ter o objeto. Com base em dados do Ministério da Saúde, sabe-se que a medida atingirá 3.485 das 5.570 cidades – ou 62% dos municípios do país, onde vivem 159,8 milhões de pessoas (76% da população brasileira). Portanto, em torno de ¾ da população brasileira pode possuir uma arma de fogo desde que cumpra com os requisitos exigidos. E isso inclui você, membros da sua família, seus amigos e também os colaboradores de uma empresa. É por este motivo que as empresas assumem também uma responsabilidade com este decreto. E sabe por quê? Porque tão importante quanto uma empresa obter lucro, é ela ter responsabilidade social.
Ter responsabilidade social significa que a empresa contribui, de forma voluntária para uma sociedade mais justa, adotando posturas, comportamentos e ações que promovam o bem-estar dos seus colaboradores, fornecedores, comunidade, parceiros e clientes. Isso se faz extremamente necessário quando se trata do decreto das armas. Desse modo, além da responsabilidade de orientar corretamente todas as pessoas mais próximas a você sobre os cuidados para o uso de armas de fogo, o mesmo dever ser feito com os seus colaboradores e todos aqueles que de alguma forma se relacionam com a sua empresa. Porque afinal, ter uma arma é um direito do cidadão, mas ao mesmo tempo é preciso ressaltar o quanto é sério o uso desse objeto de grande potencial assassínio.
Mais armas fazem aumentar os homicídios, os suicídios, os acidentes, atingindo pessoas adultas, jovens e crianças. Há muitos casos de pais de família que não são bandidos e que, eventualmente, com a arma de fogo, perde a cabeça numa briga de bar por causa de futebol e mata o outro, ou porque brigou com a mulher em casa e atirou contra ela, ou que foi reagir a um assalto e o bandido atirou primeiro, entre tantas outras mortes por armas que vemos todos os dias nos noticiários. Esses casos podem ser evitados. Para isso, é preciso existir conscientização sobre as armas, para que o seu uso seja seguro e que ocorra somente situação de extrema necessidade.
Diante desse cenário, reflito como empresário. Certamente essas questões vão de encontro à prática da responsabilidade social, e empresas responsáveis podem conscientizar seus colaboradores, com cartilhas e palestras, ou inserir o assunto na SIPAT. Vale destacar que adotar estas ações e comportamentos socialmente responsáveis torna uma empresa muito mais atraente aos olhos do mercado, pois demonstra que ela se preocupa com a segurança, a qualidade de vida e o bem-estar, tanto de seus colaboradores quanto de seus clientes e da sociedade de modo geral. Isso pode levar a um crescimento sustentável, ganhos de imagem e visibilidade, bem como maior satisfação por parte de todos.
Por fim e não menos importante, antes de colocar qualquer uma destas ações em prática na sua empresa, você, como proprietário ou responsável legal dela, deve dar o exemplo consciente e responsável, como afirmou Albert Schweitzer, “dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. É a única”.
Deivison Pedroza – Diretor geral da VG Resíduos e diretor do Grupo Verde Ghaia.