De acordo com pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (Abraidi) na última segunda-feira (16), durante reunião de seus associados do Sul, a grande maioria das empresas vinculadas na região sofreram impactos do aumento do ICMS (de 0% para 18%) nos itens para a saúde praticado pelo governo de São Paulo: 94% delas afirmaram que o fim da isenção da alíquota paulista, no início do ano, refletiu em seus estados, o que também ocorre no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e locais da região Centro-Oeste.
Os representantes associados também destacaram que a relação comercial deletéria com hospitais e operadoras, já considerada crônica, piorou durante a pandemia da Covid-19. Além disso, para 69% deles, nos últimos meses também aumentaram as retenções de faturamento, quando hospitais de planos de saúde postergam pagamentos mesmo depois de procedimentos realizados. A média de autorização de faturamento é de 120 dias, mas alguns associados têm relatado que passa de seis meses.
Durante a reunião, um dos associados lembrou que operadoras e hospitais ainda restringem o uso de produtos, mesmo que sejam necessários no procedimento médico. Outro executivo comentou que parou de atender o SUS por inviabilidade comercial e, no caso do setor privado, também tem constatado imposição de planos de saúde em realizar apenas um número limitado de angioplastias no mês, por exemplo, mesmo havendo maior necessidade. O presidente da Abraidi, Sérgio Rocha, destacou que relatos semelhantes têm ocorrido por todo o país e que inúmeras associadas deixaram de fornecer para o setor público. Um associado afirmou que teve que selecionar para quem iria fornecer os seus produtos para continuar trabalhando sem ter prejuízo.
“Isso é triste e temos alertado para o problema há muito tempo em todos os fóruns em que participamos. Nada de concreto tem sido feito para mudar essa realidade, mesmo com denúncias em agências reguladoras, na CVM e entidades de classe. Em nosso negócio, quem compra é quem define o valor que vai pagar. Um completo absurdo”, desabafou Rocha.
A pesquisa da Abraidi constatou ainda que as cirurgias eletivas, interrompidas durante a crise sanitária do novo coronavírus, retornaram apenas de forma parcial para 53% dos associados. Segundo 58% dos executivos, a volta à normalidade na vida empresarial no setor de saúde só ocorrerá no ano que vem. “A pandemia afetou o setor de forma muito impactante, diferentemente do que a sociedade erroneamente pensa”, contextualizou o diretor-executivo, Bruno Bezerra.
A Abraidi também realizou uma enquete sobre o aumento do preço do frete por conta da redução da malha aérea que afetou 93% dos associados. Para 60% das empresas, o custo foi elevado em até 30%; segundo 20%, a alta ficou entre 31% e 75%, e para 13% dos participantes, a pressão no preço do frete foi maior que 75%.