Via de regra, quando iniciamos um trabalho de planejamento estratégico é bastante usual utilizar ferramentas que nos ajudem a entender e definir os caminhos a percorrer. Um dos métodos mais utilizados é o SWOT, para identificar as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças nos negócios. No entanto, existem outras opções que devem ser avaliadas para auxiliar o desenvolvimento desses trabalhos, sendo uma delas o TOC (em português, a Teoria das Restrições), criado por Eliyahu M. Glodratt, autor do livro “A Meta”, escrito em 1984. É um clássico da área de Administração.
Trata-se de uma teoria baseada na identificação das restrições que limitam o desenvolvimento das empresas, os elos frágeis do sistema, e permitem abrir, ou não, caminho para o processo de Melhoria Contínua, prática usada ininterruptamente para aperfeiçoamento do negócio. Por definição, uma restrição é qualquer coisa que possa impedir um sistema de atingir o seu objetivo. Por isso, é importante entender e classificar as restrições externas e internas.
De um lado, as restrições externas, ou de mercado, são normalmente relacionadas à falta de competitividade ocasionada por problemas de posicionamento de preço, qualidade, imagem da marca e reputação, entre outras. Por outro lado, as internas se referem às capacidades no âmbito de processos, equipamentos, competências dos colaboradores e também às políticas corporativas, que muitas vezes limitam e impedem o desenvolvimento da criatividade e da cultura da inovação, fundamental em qualquer corporação.
Saber quais tipos de restrições estão presentes e como elas impactam os negócios é um atalho para definir quais mudanças são mais urgentes. No varejo, por exemplo, isso pode corrigir problemas relativamente comuns – e que causam bastante estrago financeiro –, como perda de estoque. Já na indústria, as restrições relacionadas a processos são determinantes e causam falhas na produtividade e, consequentemente, perda de competitividade no mercado.
Importante destacar ainda que uma restrição pode mudar ao longo do tempo em função das transformações no ambiente de negócios. Nesses casos, a análise deve recomeçar à medida em que essas mudanças são observadas.
Para uma análise efetiva das restrições, três perguntas são fundamentais:
1. O que mudar?
2. Por que mudar?
3. Como causar a mudança?
É fato que o objetivo principal de toda organização é obter melhores resultados, mas a TOC é uma ferramenta prática, que faz com que se possa planejar soluções a partir de situações reais, que atrapalham a empresa, sem perder tempo com quesitos de pouca relevância. Ela ajuda a obter eficiência agora, mas principalmente para o futuro do negócio. O que se traduz na tão almejada sustentabilidade.
* Flávio Padovan é sócio da MRD Consulting e foi diretor de operações da Ford na América do Sul, ocupou o cargo de vice-presidente na Volkswagen do Brasil e foi presidente da Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa).