A ImpulsoGov, organização brasileira de saúde suprapartidária e sem fins lucrativos, tem promovido uma campanha em defesa de um lockdown nacional de três semanas e a adoção de um novo auxílio emergencial neste mês para conter o avanço da crise sanitária e econômica provocada pela Covid-19 no país.
Intitulado Abril pela Vida, o movimento divulgou na última quinta-feira (1º) uma carta aberta, assinada por 30 especialistas das áreas de saúde, economia e políticas públicas e dirigida ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a governadores e prefeitos, onde lista recomendações que, segundo os envolvidos, poderiam poupar 22 mil vidas, conter o sobrecarregamento do sistema de saúde e evitar maiores prejuízos à economia.
Além de um lockdown rígido por 21 dias, coordenado pela União, estados e municípios, incluindo toque de recolher das 20h às 6h e fechamento de estabelecimentos comerciais, o texto, que na tarde desta quarta (7) já soma mais de 73 mil assinaturas coletadas no site da ImpulsoGov, propõe o pagamento de um novo auxílio emergencial para o período.
O benefício, de parcela única, seria destinado a cerca de 67 milhões de cidadãos em situação vulnerável e 3,3 milhões de micro e pequenas empresas nos setores mais afetados pela pandemia; estas receberiam R$ 1 mil e aqueles, o equivalente ao valor médio de uma cesta básica em seus estados.
“Medidas mais brandas arrastam a economia de forma indefinida, enquanto medidas curtas e rígidas tornam possível a recuperação da atividade econômica antes”, argumentou João Abreu, diretor-executivo da ImpulsoGov, em entrevista à revista “Exame”. “O auxílio emergencial é fundamental para garantir a eficácia do lockdown, para que as pessoas possam ficar em casa em segurança, fora da situação de risco e vulnerabilidade econômica”, acrescentou.
Citando estudos realizados pela ImpulsoGov, Luiza Amorim, consultora da Escola de Saúde Pública John Hopkins Bloomberg e coordenadora do Abril Pela Vida, destacou que este é “um mês-chave para conseguir virar o jogo no enfrentamento da pandemia” no Brasil. O país se tornou o lugar onde mais se morre por Covid-19 no mundo, acumulando mais de 66 mil vítimas fatais só em março, e nesta terça (6) bateu recorde com mais de 4 mil óbitos registrados em 24 horas.
Entre os 30 nomes que originalmente assinaram o documento, estão o ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão e o ex-presidente do BNDES Acacio Sousa Lima.