De acordo com estudo publicado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) no periódico científico “Journal of Infection”, em parceria com outras oito instituições, a morte de um farmacêutico de 44 anos em Aracaju (SE) no ano passado se tornou o primeiro caso documentado de óbito por recorrência de Covid-19 no Brasil. Não se sabe, contudo, se o falecimento foi causado por uma reinfecção do novo coronavírus ou por uma recidiva, ou seja, quando a mesma infecção volta a se manifestar no organismo.
A vítima, que trabalhava em um hospital de urgência na capital sergipana, testou positivo para a doença no dia 8 de maio de 2020, segundo a pesquisa, e retornou ao serviço após nove dias de sintomas leves. Em 13 de junho, tendo voltado a apresentar sintomas da Covid-19, o farmacêutico se submeteu a um novo exame RT-PCR, que indicou a presença do vírus; dessa vez, porém, a infecção se manifestou de forma mais grave, exigindo internação. A morte ocorreu no dia 2 de julho.
Em entrevista ao portal UOL, o pesquisador Roque Pacheco de Almeida, um dos responsáveis pelo estudo, declarou que o registro do caso traz “um resultado importante porque o vírus está associado à morte numa recorrência. No primeiro episódio foi um caso bem leve. Ele voltar a apresentar sintomas da doença nesse intervalo já é algo incomum, e com o desfecho morte é inédito”.
Apesar de não se poder constatar a natureza exata da recorrência (reinfecção ou recidiva), o que exigiria medidas como o isolamento da amostra do vírus em maio, o caso chamou atenção dos cientistas por escapar ao padrão de comportamento da doença.
“Pelo que conhecemos do vírus, quando há morte de Covid-19 é no primeiro episódio, nunca no segundo”, acrescentou Roque, que é chefe do Laboratório de Imunologia e Biologia Molecular do Hospital Universitário de Sergipe.