A eleição presidencial de 2020 nos EUA acaba de ganhar um capítulo bombástico. De acordo com o jornal “The Washington Post”, o presidente Donald Trump, derrotado no pleito, chegou a pressionar autoridades da Geórgia, um dos Estados-chave que garantiram a vitória do concorrente Joe Biden, para que alterassem o resultado local da votação a seu favor, com o intuito de anular o triunfo do Partido Democrata sob acusação de fraude. “Eu só quero encontrar 11.780 votos”, disse Trump a Brad Raffensperger, secretário de Estado da Geórgia e colega do Partido Republicano, em gravação telefônica do último sábado (2) divulgada pela publicação norte-americana neste domingo (3).
A soma totalizaria 2.473.634 votos para o atual presidente no local, o suficiente para superar os 2.473.633 contabilizados para Biden, que ficou com os 16 votos do Estado no Colégio Eleitoral – instância onde venceu a eleição por 306 a 232.
“Não haveria nada de errado em dizer que você recalculou [o resultado]”, afirmou Trump na ligação. “Você pode reexaminar, mas reexaminá-lo com pessoas que querem encontrar respostas, não pessoas que não querem encontrar respostas”, continuou o republicano, defendendo boatos de que houve irregularidades durante o processo de votação e contagem na Geórgia, como cédulas rasgadas. Ante reiteradas recusas de seu interlocutor, que lembrou a confirmação da vitória de Biden por duas recontagens já realizadas no Estado, o presidente chegou a ameaçá-lo: “Isso é uma ofensa criminal. Você não pode deixar isso acontecer. Isso é um grande risco para você e Ryan [Germany], seu advogado”.
A atitude de Trump, já derrotado na Justiça norte-americana em quase 60 contestações à eleição do rival, foi duramente criticada por partidários, adversários políticos e especialistas, que avaliam que o presidente pode ter de responder legalmente pelo episódio, visto como uma tentativa de fraudar o resultado do pleito em 3 de novembro. “Isso captura a ampla e vergonhosa história do ataque de Donald Trump à democracia americana”, avaliou Bob Bauer, assessor de Biden.
Nesta quarta (6), o Congresso dos EUA deve ratificar a vitória do candidato democrata, que será empossado no próximo dia 20.