Na última década, as grandes empresas foram inseridas no debate ambiental, principalmente na maneira como se posicionam sobre o tema e os impactos que podem causar nos ecossistemas, além do seu comportamento em relação às práticas ESG (sigla em inglês para agenda ambiental, social e de governança). Como forma de consolidação desse propósito, também buscam o título de Empresas B, que certifica corporações com visões socioambientais.
Embora o Brasil tenha apresentado um crescimento de 38% na lista global que reconhece Empresas B, atualmente, são apenas 233 companhias certificadas no quesito, diante de quase seis milhões de empresas em atividade no país, segundo o Ministério da Economia.
As Empresas B costumam fortalecer sua cultura socioambiental, atingindo seus colaboradores e tornando-os mais engajados nas causas ligadas ao meio ambiente e mais confiantes e multiplicadores dos impactos positivos.
Para ser considerada uma Empresa B, é preciso avaliar os impactos de decisões em relação aos seus colaboradores, clientes, fornecedores, comunidade e ao meio ambiente. A cada dia que passa, a Tia Sônia investe e desenvolve políticas, práticas e programas que a tornem um instrumento positivo de impactos sociais, ambientais e econômicos, ou seja, no caminho de ser uma empresa melhor no país, em linha com o que preza o Sistema B.
Hoje existem três pilares das Empresas B dentro da marca:
- O cuidado com os colaboradores para além do exigido legalmente;
- Ter produtos naturais e certificados para manter a qualidade com mínimos impactos ambientais;
- A diversidade nas ações, doações e investimentos sociais, voltados principalmente para a educação e alimentação de pessoas em situação de vulnerabilidade.
Ser competitiva e sustentável a longo prazo
Conciliar competitividade no mercado atual com o desenvolvimento sustentável pode não ser uma tarefa fácil, mas de acordo com a marca é uma tarefa necessária e urgente.
O desenvolvimento sustentável é uma ferramenta essencial para a competitividade, e não o contrário. Hoje, se você não tiver propósitos alinhados às atividades socioambientais, você não permanece no mercado. Isso agrega valor à sua marca. Os colaboradores não querem mais fazer parte de empresas que só visam ao lucro.
Na Tia Sônia, as escolhas para estar em linha com as práticas ESG podem ser notadas, por exemplo, no início do processo de adaptação das novas embalagens, que contêm o selo I’m Green – de produção 100% sustentável, com 64% de plástico verde e 36% de garrafa pet reciclada.
Essa embalagem custa, para nós, 40% a mais do que a nossa antiga produção e isso não é repassado para o custo final do produto. Mas é nisso que entra o nosso compromisso de alinhamento com as práticas das Empresas B. Embora custe mais, traz benefícios ao meio ambiente, o que, a longo prazo, torna-se mais valoroso, além de estar em sintonia com as práticas ESG.
Afinal, como se tornar uma Empresa B?
No caso da Tia Sônia, foi necessário estruturar, na prática, a gestão ambiental, os indicadores ESG, elaborar políticas, organizar dados e documentos. No processo, a empresa se deparou com alguns dos desafios, entre eles:
- Organização de dados e registro dos indicadores;
- Comunicação interna: os dados para a certificação envolvem toda a empresa, então é necessário que os setores colaborem em conjunto para coletar as informações e implementar as novas práticas e políticas;
- Ter que declarar as informações do ano fiscal anterior e não do que está sendo implementado atualmente, isso faz com que as empresas adicionem informações consolidadas no processo, o que aumenta a credibilidade da certificação, mas acaba tornando o processo mais longo.
Durante o processo, perceber o quanto nosso propósito sempre esteve alinhado a essa causa foi essencial. Ser uma empresa certificada traz benefícios por ser um lugar mais seguro e equitativo, que busca fortalecer questões sociais como direitos humanos e diversidade.
* Marcos Fenício é CEO e fundador da Tia Sônia, marca com mais de 80 produtos.