Se os esportes de forma geral, e as Olimpíadas de maneira particular, têm o poder de nos ensinar e inspirar, imaginem as modalidades paralímpicas. Os desafios que os atletas com alguma deficiência encaram para competir em alto nível podem ser vistos como uma amplificação daqueles enfrentados pelos demais.
Nesse sentido, a estreia dos Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020 nesta terça-feira (24) marca um convite especial para aprendermos algumas lições inspiradoras de desenvolvimento pessoal e profissional, a partir da trajetória desses verdadeiros heróis contemporâneos.
Yuri Trafane, diretor e head de projetos da Ynner, empresa especializada em consultorias e treinamentos para o desenvolvimento de pessoas, elenca abaixo seis reflexões oportunas sobre o tema que merecem destaque:
Nossas limitações não precisam nos incapacitar
Os atletas paralímpicos têm graves limitações físicas, mas não deixam que isso os paralise. Muito pelo contrário: criam alternativas e se adaptam da melhor forma possível, em busca de objetivos ousados e inspiradores. De uma forma muito menos dramática, cada um de nós necessita de várias competências que nos fazem falta e, desse ponto de vista, somos limitados. Porém, não podemos nos deixar paralisar por isso. Precisamos entender nossas imperfeições, aceitá-las com maturidade e criar uma forma de superá-las e atingir nossos objetivos.
O potencial humano de adaptação é enorme
Muitos dos atletas paralímpicos viviam vidas normais e, depois de fatalidades, perderam capacidades físicas importantes. Possivelmente, em um primeiro momento sentiram-se sem chão, como se a vida não valesse a pena da mesma forma. Mas, aos poucos, encontraram formas de conviver com suas novas limitações e buscaram um propósito transcendente por meio do esporte, sendo hoje atletas de tanto valor quanto aqueles sem as mesmas limitações. A mesma coisa acontece conosco, em escala bem menos intensa: a vida nos impõe mudanças a todo instante e precisamos, como eles, encontrar formas de absorvê-las.
Uma jornada vencedora começa com autoestima e autoconfiança
Por trás da maioria dos atletas paralímpicos existe uma história de superação da desconfiança de outras pessoas, que nasce da crença em si mesmo e de que é possível obter grandes conquistas, mesmo quando muitos não acreditam. Devemos nos inspirar neles para nossas jornadas e desafios, pessoais e profissionais. Precisamos acreditar em nós mesmos, aprender a gostar de nós mesmos, do jeito que somos, com nossos defeitos. Como eles fazem. E a partir dessa perspectiva, de autoestima e autoconfiança, erguer uma jornada rumo aos nossos objetivos.
Nunca é tarde para começar
Diferente da maioria dos atletas olímpicos, os paralímpicos começam sua vida de atleta depois de adultos, pois a estrutura de iniciação esportiva para pessoas com deficiência na infância é quase inexistente. Eles precisam atingir um nível de maturidade e independência até tomarem a iniciativa de seguir por esse caminho, enfrentando todas as dificuldades de um início tardio em modalidades esportivas pouco populares. Inspirados neles, precisamos nos dar conta de que, ainda que sejamos adultos ou já tenhamos avançado em direção à terceira idade, sempre é tempo de começar novas jornadas desafiadoras: uma nova faculdade, uma nova profissão, um novo esporte ou uma nova vida.
Ao invés de focar no problema, foque na solução
Cada atleta paralímpico tem um problema absolutamente evidente, mas não é ali que está o foco. Ele pensa em como transformar seu desafio em uma fonte de prosperidade: se não pode representar seu país em uma Olimpíada, tem a oportunidade de ser um atleta paralímpico. E é aí que ele coloca suas energias e concentra suas forças.
As empresas ganham muito incluindo pessoas com deficiências
Ver o que esses atletas paralímpicos são capazes de fazer é comovente. Eles superam suas dificuldades e conseguem marcas que pessoas sem deficiência não atingem. Trazer para seus times pessoas com limitações específicas é incorporar à equipe seres humanos cheios de garra e talentos, ansiosos por colaborar e conquistar. Perder essa chance é um desperdício para todos: a empresa perde profissionais comprometidos, as pessoas com deficiências perdem oportunidades e a sociedade perde a chance de ser mais humana e eficiente.