Entre estratégias, festas, discussões e os famosos “paredões”, as câmeras que vigiam a casa do “Big Brother Brasil”, grande sucesso da Globo, tornam possível acompanhar a rotina dos participantes do reality show em tempo real e se divertir com as dinâmicas e conflitos da competição. Mas além do entretenimento, a interação entre os integrantes do programa em meio às regras do jogo também proporciona aprender e tirar lições importantes sobre performance e comportamento. Assim como no mundo corporativo, os competidores do “BBB” vivenciam desafios, estabelecem alianças e acertam ou erram em seus discursos e ações, os quais resultam em consequências dentro e fora do reality.
Mesmo um dos grandes nomes do mundo dos negócios no Brasil reconhece o valor de observar o fenômeno televisivo para extrair insights relativos à vida empresarial. Presidente e fundador da Polishop, além de “tubarão” do “Shark Tank Brasil”, João Appolinário defende que “a principal analogia entre o ‘Big Brother Brasil’ e o empreendedorismo é que, em ambos os casos, os profissionais e os participantes lutam pela sobrevivência, com o objetivo de conquistar um grande prêmio. No caso do ‘BBB’, é a fama e o valor de R$ 1,5 milhão de reais na conta. Já para o empreendedor, equivale à construção de uma marca de prestígio e notoriedade perante o mercado e a concorrência, visando o lucro e realização profissional”.
Appolinário lista a seguir os principais ensinamentos que o ‘BBB’ pode oferecer aos empreendedores:
1. Conheça o seu potencial
Em todas as edições do programa, os nomes dos participantes ficaram marcados pelo seu protagonismo e singularidade dentro do jogo, mesmo não ganhando o prêmio final. Características como determinação, inteligência emocional, coragem e persistência são algumas das qualidades para que um jogador seja considerado forte dentro do reality. “Já no mercado de trabalho, o empreendedor que conhece e acredita em seu potencial e no de seu negócio é aquele que permanece firme, apesar dos obstáculos e das batalhas diárias que enfrenta”, descreve o empresário.
E, segundo ele, conhecer o seu potencial, seja no jogo ou no mercado de trabalho, é saber identificar os pontos positivos e negativos, tanto de sua personalidade, como da empresa. “No mundo corporativo, isso é conhecido como ‘Análise de Swot’, que estabelece um panorama real das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças que uma empresa possui. Tendo essas informações em mente, as ações e decisões tornam-se mais seguras e bem pensadas”, complementa.
2. A importância da liderança
A maior e mais acirrada disputa no “BBB”, tirando o prêmio final, é pela liderança do jogo. Além de imunidade e a segurança de permanecer mais uma semana na casa, o poder de indicar um participante ao paredão é o maior trunfo e, ao mesmo tempo, a maior responsabilidade que o líder possui. “Quanto maior for o cargo do profissional, dentro do negócio, maior será a sua responsabilidade para com a empresa e seus colaboradores. Sendo assim, a forma como ele gerencia e administra seu negócio é o que vai determinar o sucesso ou o fracasso da operação”, afirma o empresário. Um bom líder deve ser capaz de inspirar, engajar e motivar seus colaboradores. “Seja no game ou no mercado de trabalho, é competência da liderança demonstrar e transmitir, interna e externamente, um protagonismo diligente e eficaz, com competência, inteligência e eficiência”, completa.
3. Controle emocional
Quanto mais o jogo avança, mais os participantes do Big Brother demonstram e transparecem suas emoções, cada dia mais à flor da pele. A pressão, o tempo de confinamento, a saudade dos familiares e a ansiedade vão se tornando cada vez mais potentes e são os principais motivos da desestabilização emocional entre eles. “Assim como no mercado de trabalho, o ‘BBB’ é uma disputa entre pessoas e, ao lidar com elas, você também lida com as suas emoções”, revela Appolinário. Seja no jogo, seja no mundo empresarial, uma atitude precipitada ou impensada pode trazer consequências graves e, muitas vezes, irreversíveis. “O caminho do empreendedorismo, na maioria das vezes, é árduo e desafiador. Por isso, é fundamental que o empreendedor seja capaz de controlar suas emoções e exercitar a inteligência emocional, a fim de não dar um passo em falso e colocar tudo a perder”.
4. Gestão financeira
Nem só de motivação e inspiração é movido um negócio, nem o “Big Brother”. Em um mundo capitalista, até mesmo os reality shows exigem controle e sabedoria financeira dos participantes. Moeda da casa do ‘BBB’, as estalecas são motivo de contas, compras, punições e até mesmo discussões e atritos entre os participantes. “Saber administrar bem o dinheiro, seja ele pessoal, seja profissional, seja empresarial, é um dos pontos principais para garantir estabilidade, equilíbrio e segurança na vida”, ressalta. E, para o sucesso de um negócio, é essencial que o gestor tenha um controle minucioso de suas finanças.
“Administrar o financeiro de uma empresa vai muito além das entradas e saídas. É preciso conhecer, a fundo, todos os custos diretos e indiretos da operação, a porcentagem da margem dos produtos, o valor direcionado aos investimentos, ou seja, compreender todos os lucros e as despesas da operação como um todo”, explica o presidente da Polishop. Dentro da casa do “BBB”, as consequências de má conduta e advertências aos jogadores são devidamente punidas com a perda de estalecas, individualmente e, em alguns casos, de todo o grupo. “No ambiente corporativo, a má gestão administrativa pode acarretar em consequências mais drásticas como dívidas, processos e a falência da empresa”, completa.
5. Alianças e networking
O sentimento de pertencimento e identificação entre os participantes é nítido dentro da casa, a partir da formação de grupos, de acordo com a afinidade de cada um. Por segurança, amizade ou para combinar votos, todos os participantes do “BBB” desejam – e muito- fazer parte de um grupo. A relação entre pessoas no jogo, dentro de uma empresa ou no mercado de trabalho é capaz de estreitar laços e alianças que, consequentemente, proporcionam vivências e possibilidades. “Uma empresa não nasce sozinha e muito menos cresce sozinha. O networking entre profissionais e organizações é fundamental para que a empresa usufrua de oportunidades, benefícios, privilégios e vantagens competitivas”, ressalta Appolinário. Nos âmbitos criativo, financeiro, intelectual, administrativo ou pessoal, as associações são fundamentais para o negócio e, também, para continuar no jogo do “BBB”.
6. Aprenda com os erros
A famosa frase “é errando que se aprende” cabe ao comportamento dos participantes do jogo, bem como aos desafios do empreendedorismo. “O empreendedor vai cometer muitos erros ao longo do seu caminho. Cabe a ele aprender com eles ou desistir no primeiro obstáculo”, pondera. Os participantes que assumem seus erros e os tiram de lição são vistos com bons olhos pelo público e pelos integrantes da casa, assim como os líderes que possuem humildade e discernimento para compreender seus equívocos. “Errar é humano e é com eles que se aprende diariamente. Ao desistir, você não se dá a chance de acertar”, defende.
7. O poder da persuasão
“Ninguém mais, além de você, vai saber o valor do seu negócio. Mas, para ter sucesso, esse valor não pode ficar só no papel ou na cabeça do empreendedor. É preciso saber comunicar ao público e aos seus clientes”, afirma Appolinário. O poder da persuasão, dentro de uma organização, é capaz de motivar os funcionários e colaboradores, valorizar a identidade da marca e posicioná-la no mercado. “Assim como no mundo empresarial, a importância da persuasão no jogo do ‘BBB’ permite atrair aliados, fortalecer o posicionamento no jogo e conquistar uma posição forte e concreta, diante dos outros jogadores e para os telespectadores”, finaliza o presidente da Polishop.