Parece brincadeira do Dia da Mentira, mas alguns mitos sobre as mulheres no mercado de trabalho se sustentaram por gerações e, felizmente, vêm perdendo força. Posicionar-se e desmistificar essas teorias infundadas é fundamental para garantir que a luta por um mercado com diversidade, igualdade de oportunidades e reconhecimento siga ganhando espaço.
Maria Eduarda Silveira, headhunter e CEO da consultoria de recrutamento e desenvolvimento BOLD HR, aproveita a data para comentar sobre algumas dessas mentiras que insistem em ecoar em parte do mercado e alerta: se algum desses estereótipos ainda habita sua mente, reflita e desfaça-se dele, pois este poderá tirar de você a oportunidade de trabalhar com pessoas talentosas e competentes e comprometer seu desenvolvimento profissional.
1) Mulheres não são boas líderes, pois são sensíveis demais
“Há anos, cientistas investem na busca por desvendar possíveis diferenças nos cérebros femininos e masculinos e a verdade é que não há nada conclusivo a esse respeito. Sendo assim, a hipótese mais aceita é a de que as mulheres expressam suas emoções com mais facilidade. Em um mundo onde a empatia e a liderança humanizada ganham cada vez mais força, é impossível as mulheres não se destacarem nessa cadeira”, destaca Silveira.
A headhunter lembra ainda que, desde 2020, o grupo financeiro Goldman Sachs recusa IPOs de empresas que não tenham mulheres em seu conselho de administração, pois alega que a performance financeira de quem tem ao menos uma diretora é significativamente melhor.
2) Mulheres fazem muita fofoca
“Difícil até saber a origem de certos mitos, mas, com certeza, esta é outra grande mentira. Algumas pessoas fazem fofoca, isso é um fato. Mas é algo que está atrelado à personalidade, ao comportamento da pessoa, e não ao gênero. De todo modo, do ponto de vista da construção de carreira, minha recomendação é sempre a de ficar de fora da turma da fofoca, pois desconheço casos em que ela tenha gerado bons frutos”, orienta Silveira.
3) Mulheres com filho são menos eficientes
“Novamente, isso está longe de ser verdadeiro. É um fato, sim, que uma pessoa com filhos possui necessidades específicas eventualmente, porém, o fato de atrelarmos essa questão às mulheres é mais um sintoma de uma cultura na qual apenas a mulher acumula as funções e responsabilidades da criação dos filhos, e ainda fortalece a crença de que elas precisam escolher entre filhos e carreira”, salienta a headhunter.
Silveira ressalta que as empresas têm se atentado cada vez mais para isso e pensado em dinâmicas nas quais os pais também possam usufruir de flexibilidade que os permita compartilhar tarefas da vida familiar com mais equidade.
4) Existem áreas de atuação em que as mulheres são menos eficientes
“Neste caso, existem áreas de atuação para as quais as mulheres recebem menos incentivo. E aqui vale dizer que este é um mal que afeta os homens também. Felizmente, o consenso é cada vez maior de que mulheres e homens podem atuar no ramo que desejarem, e que despertar o interesse genuíno de crianças e jovens pelo aprendizado e amplo conhecimento é o mais importante para corrigir essa questão. Hoje, já vemos um movimento grande de incentivo da participação de mulheres em áreas que antigamente eram primordialmente masculinas, como é o caso da tecnologia, por exemplo”, pontua a headhunter.
Falar sobre equidade de gênero e desmistificar crenças infundadas faz parte do trajeto para pessoas e empresas que prezam pela diversidade e por um universo de trabalho melhor.
“O mais importante em tudo isso é ver que o mercado está se transformando verdadeiramente. Ainda que a velocidade com que essa transformação ocorre não seja a ideal, podemos constatar que estamos avançando e que, na prática, cada vez mais, mitos como esses acerca das mulheres no mercado não reverberam mais”, conclui Silveira.