Nenhum outro evento de marketing digital no Brasil reúne 15 mil pessoas – por isso, o RD Summit é um qualificado ambiente para analisar tendências sobre novos métodos e técnicas que trarão resultado no próximo ano. Na edição 2019, conversei com algumas mentes inquietas do mercado mundial durante os três dias de evento realizado em Florianópolis, e agora deixo aqui o resumo do que podemos prestar (mais!) atenção para atingir resultados mensuráveis e dar escala aos negócios em 2020:
1) Marketing de conteúdo já é um pilar que toda empresa pratica, então é crucial investir em conteúdos qualificados e que – de fato – gerem conhecimento e paixão pelo usuário. Chega de conteúdo ruim ou médio. Ser superficial ou protocolar não prende a atenção de ninguém e falar sozinho não vai ajudar a rodar seus projetos.
2) Podcasts ainda estão no processo de escala para comunicação e as empresas visionárias darão mais atenção a isso. Segundo dados do Spotify, o consumo do modelo de conteúdo no Brasil cresce 21% ao mês desde janeiro de 2018. À caminho do trabalho, no banho, enquanto treina para maratona, durante tarefas domésticas ou durante o expediente: conteúdo em áudio é mais fácil e barato de ser produzido se comparado ao vídeo e permite que o público consuma a informação durante outras atividades diárias. É otimização de recursos para a empresa e de tempo para o público final.
3) Vender deixou de ser a tarefa mais desafiadora, agora um negócio só cresce se construir um ecossistema engajado, apaixonante, com baixo churn (perda de clientes) e verdadeiramente preocupada com o cliente. Mas adivinhe só: o cliente está cada dia mais impaciente com erros ou ineficiência. A gente já sabe, mas não custa repetir: é muito mais caro conquistar um cliente novo do que manter um antigo. Tenha ótimos vendedores e excepcionais CSs com autonomia e habilidade de relacionamento profunda.
4) Growth para todos: crescimento contínuo e que pode ser aplicado em todos os times é um método que envolve aprendizado constante, com cultura focada em experimentação e hipóteses. Um dos paineis mais interessantes foi ministrado por Hale Schneider, que compartilhou sua experiência na GrowthHackers.com. Em empresas mais tradicionais, unindo equipes multidisciplinares de mkt e vendas com DEVs e engenheiros de dados em prol da inovação (que precisa ser protegida do ecossistema principal de uma organização lucrativa e gerar resultados de maior impacto no futuro).
5) PLG (Product lead growth) e PQL (Product qualifie lead): são táticas interessantes, criando produtos de entrada com ticket baixo e o objetivo da própria experiência com o produto qualificar o usuário para o objetivo principal.
6) Cultura importa: se para startups de pequeno porte parece tranquilo de manter uma cultura alinhada e equipe engajada, conforme as corporações se desenvolvem, o esforço de transmissão da cultura da empresa precisa acompanhar os demais investimentos em expansão. Vale a máxima de Bezos de que uma equipe deve ter um tamanho que possa ser alimentada com duas pizzas. O motivo: nossa comunicação é mais próxima e efetiva neste cenário. E tudo isso é competência de nós, gestores.
7) Dream job: esqueça o que você viu nas visitas ao Vale do Silício com colaboradores jogando vídeo game e bebendo cerveja durante o expediente. Isso não é o que nos faz acordar motivados diariamente. Acompanhe o raciocínio de Jacco VanderKooij, CEO da Winning by Design. Faça essa pergunta para si: que as pessoas querem? Pense na sua rotina: um cenário colorido e mesa de ping pong te faz mais feliz? Ou você quer ter uma tarefa que pode oferecer transformação para o mundo em uma comunidade com valores similares aos seus? Você quer experiência, você não quer férias. Quer evento, não quer ó aprender sobre marketing digital (vide case RD Summit ;), não é?). Você quer gastronomia, não quer comida. Então entregue existência para todos: seus clientes/time.
8) Criatividade como skill a ser nutrido: é uma das mais fortes vantagens competitiva, assim como a autenticidade e o conhecimento profundo e constante dos públicos. Unidos a uma conexão digital sustentada em dados, geram relevância ao produto ou serviço. Ao longo da cadeia de valor, importa ter processos com a menor fricção possível para o consumidor.
9) Ter BI é fundamental, mas ainda é preciso usar os números com consciência e mesclar dados + histórico + percepção de mercado. Inteligência artificial passou a ser mais operada pelas bases, deixando de ser algo para grandes marketeiros, e sim para todos com boa vontade e dedicação.
10) Posicionamento: times de mkt ainda pecam com questões básicas e que representam a estrutura de um bom negócio. É preciso aceitar que algo simples por princípio pode ser delicado de execução. Se seu produto ou serviço não vende, talvez você esteja pecando em posicionamento, focando no interlocutor errado ou… seu produto/serviço é ruim mesmo, e daí dourar a pílula não fará milagre. Afinidade e confiança demandam tempo, e a relação entre clientes e marcas precisam ser descomplicadas. Entregue soluções objetivas e resolva o problema dos clientes calçando seus sapatos.
Extra:
11) Mídia paga: durante o evento todo só foi falado em Facebook e Insta ads, com uma ou outra menção sobre LinkedIn e YouTube – destaque para a fala de Pedro Superti. Mas mídia paga vai muito além disso, investir em canais e até mesmo ações promocionais de ativação ainda são táticas muito válidas. O que funciona mais é o que poucos fazem. Então se a onda está indo para um lado, aproveite ela sem esquecer as demais milhares de outras alternativas que existem.
Gustavo Fragoso é Diretor de Marketing e Inovação no Grupo Studio, Professor de Pós Graduação de metodologias ágeis, Coordenador Regional no Instituto Brasileiro de Franquias, Mentor de Startups e Palestrante.